O soldadinho a olhou longamente e logo se apaixonou, e pensava que, tal como ele, aquela jovem tão linda tivesse uma perna só. "Mas é claro que ela não vai me querer para marido", pensou entristecido o soldadinho, suspirando. "Tão elegante, tão bonita... Deve ser uma princesa. E eu? Nem cabo sou, vivo numa caixa de papelão, junto com meus vinte e quatro irmãos". (ABREU, 2000, p.65)
INTRODUÇÃO
Os contos infantis de Hans Chistian Andersen retratam a realidade como forma de consciência do mundo, deixando transparecer as suas estórias sua dor de rejeição sofrida na infância. Sua importância reside na coragem que teve para transpor obstáculos e realizar seus desejos fundamentado na construção de um conjunto de paradigmático de textos artísticos que penetrou no sonho da humanidade.
Hans Chistian Andersen
Por meio dos contos foi capaz de levar adultos e crianças a repensar os próprios valores e a refletir sobre as diferenças sociais que tanto distanciam os indivíduos. Tentaremos abordar perante um dos clássicos da literatura infantil, O soldadinho de chumbo, (ANDERSEN, 2000) questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano dando ênfase ao preconceito social e sua dificuldade de aceitação diante de uma sociedade exigente e preconceituosa em relação ao outro.
A obra chamou nossa atenção por conter um alto teor de transição dos contos de fadas para o mundo real de sua infância buscando revelar seu mundo interior, produto de sua própria vida em dimensões sofridas, descobertas, encantos, possibilidades, entregas e plenitude, início e término, no entanto Andersen retrata questões morais que tem encantado varias gerações de crianças e adultos.
É importante acrescentar que no decorrer do artigo daremos ênfase ao diferente sendo aquele que não corresponde ao modelo exigido pela sociedade, permitindo-nos a reflexão de que os homens deveriam ter direitos iguais apesar de suas diferenças.
I. ENCONTRO DA IDENTIDADE
Segundo alguns teóricos a literatura infantil surge no impulso do homem contar histórias, no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua , que poderia ter significado para todos. Essas histórias são a cultura de um povo e devem ser preservadas.
Em tempos passados, a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir. São também de caráter mágico ou fantasioso as narrativas conhecidas hoje como literatura primordial. Nela foi descoberta o fundo fabuloso das narrativas a.C., e se difundiram por todo o mundo, através da tradição oral.
No século XVII ocorre mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito artístico.Com o surgimento da Literatura Infantil tendo características próprias, decorre da ascensão da família burguesa, do status concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Criando um vinculo com a Pedagogia, já que as historias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.
É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada diferente do adulto, com necessidades e características próprias, recebendo uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta. Entretanto, o maravilhoso é um dos elementos mais importante na literatura destinado à criança. Através do prazer ou das emoções que as histórias lhes proporcionam, o simbolismo que estar implícito nas tramas e personagens vem agir em seu inconsciente, atuam para ajudar a resolver seus conflitos internos e externos.
A Psicanálise afirma que os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão relacionados com que o homem enfrenta em seu amadurecimento emocional, e durante essa fase surge à necessidade da criança em defender sua vontade, independência ou rivalidade com irmãos ou amigos. É nesse sentido que os contos podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si e os outros em sua volta. O maniqueísmo que dividi as personagens em boas e más, belas ou feias, poderosas ou fracas, levam a criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou convívio social. No entanto a criança é levada a se identificar com o herói por se sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis, por necessidade de segurança e proteção. Pode assim superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente a sua volta, podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto.
A Dinamarca também se entrega à descoberta dos valores ancestrais, no sentido ético, de revelar o caráter da raça. Tal como fizeram os Irmãos Grimm. Mas célebre Andersen foi uma revelação na Literatura Infantil o escritor que lança um estilo novo retratando a sensibilidade exaltada pelo Romantismo.
Hans Chistian Andersen um talento nato de família humilde autor de varias obras, dedicou-se a sua produção na sensibilidade humana por situações vividas em sua infância, aprendeu a ler e escrever ouvindo histórias que seu pai contava para amenizar as dificuldades impostas por sua posição social. Com a morte do pai fugiu de casa e mudou-se para Copenhague, onde começou sua trajetória de escritor. Em uma época difícil começa a trabalhar como bailarino, coristor e escritor de tragédias para custear os estudos. Em 1835 e 1842, faz sucesso com a publicação de estórias infantis, obras primas da literatura mundial, independente de gênero.
Uma época que a sociedade estabelece um modelo para as pessoas seguirem sem questionamento , só conseguem acompanhar quem tem vinculo estabelecido por essa sociedade cheia de argumentos. Entre os títulos mais divulgados de sua obra "O Soldadinho de Chumbo" estar preso ao cotidiano, isso prova que Andersen teve a oportunidade de conhecer bem os contrastes da abundância ao lado da miséria sem horizontes. Ele pertenceu ao preconceito social, em seus contos torna mais explícitos os padrões de comportamento exigidos pela sociedade. A par desses valores éticos, sociais, políticos e culturais, que regem a vida dos homens em sociedade, Andersen insiste,também no comportamento cristão que devia nortear pensamentos e ações da humanidade.
Assim, autenticamente romântico a contar estórias para crianças e a sugerir-lhes padrões de comportamento pela nova sociedade que se organizava. Nas abordagens que faziam em seus contos pelos pequenos e desvalidos, encontramos a generosidade humanista e o espírito de caridade do Romantismo. No confronto constante que Andersen demonstrava entre o poderoso e o desprotegido, o forte e o fraco, mostrando não só a injustiça do poder explorador, como a superioridade humana do explorado, vemos a funda consciência de que todos os homens devem ter direitos iguais.
II. Retratando a Exclusão Social: O Soldadinho de Chumbo
Exclusão social conceitua-se como o processo pelo qual o outro não aceita a diversidade, necessariamente a todas as formas possíveis da existência humana. Ser branco ou negro, alto ou baixo, ser deficiente ou não deficiente, homem ou mulher, rico ou pobre, são apenas algumas das inúmeras probabilidades do ser humano, que Hans Chistian Andersen aborda em suas obras primas. Partimos para um dos primeiros contos escritos por ele, "O soldadinho de chumbo" que retrata valores e objetos, e entender melhor as transformações sofridas nas relações sociais.
A criança ao entrar em contato com esse texto vai absorvendo valores essências para sua formação e encaixando peças, como um quebra-cabeça, determinantes para seu futuro caráter e enfrentamento diante as adversidades que a vida lhe apresenta. Bruno Bettelheim, em seu livro "A Psicanálise dos Contos de Fadas", diz:
Esta é exatamente a mensagem que os contos de fada transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana – mas que se a pessoa não se intimida mas se defronta de modo firma com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominará todos os obstáculos e, ao fim, emergirá vitoriosa (BETTELHEIM, 2002, p.6).
Os contos de Andersen pode ser um eficiente instrumento pedagógico, por nos fazer entender as mudanças de paradigmas pelas quais estamos passando e nos traz perspectivas de trabalharmos com a diversidade humana através do discurso literário.
Numa loja de brinquedos havia uma caixa de papelão com vinte e cinco soldadinhos de chumbo, todos iguaizinhos, pois haviam sido feitos com o mesmo molde. Apenas um deles era perneta: como fora o último a ser fundido, faltou chumbo para completar a outra perna. Mas o soldadinho perneta logo aprendeu a ficar em pé sobre a única perna e não fazia feio ao lado dos irmãos. (ANDERSEN, p.64)
Hans Chistian Andersen
Andersen fez parte de um tempo e de uma cultura em que o diferente era discriminado e muitas vezes isolado. Quando narra à saga do soldadinho moldado e diferente de seus irmãos, entende-se que cada grupo social deveria ter seu lugar separado, com isso teremos a noção de exclusão, da não aceitação do diferente, do racismo, do dualismo, eram vinculadas pela literatura como uma prática comum da época.
Assim como toda a obra literária, o conto é cercado de elementos simbólicos. O chumbo em que foi moldado o herói da narrativa representa o princípio da evolução e da incorruptibilidade. Simboliza a matéria que pode sofrer transformações físicas, mas não espirituais.
A cena inicial do conto nos revela uma situação de dificuldade e restrição do herói pelo fato de ter apenas uma perna. Porem existe o sentimento de superação dessa diferença descrita na passagem: "Mas o soldadinho perneta logo aprendeu a ficar em pé sobre a única perna e não fazia feio ao lado dos irmãos" (ANDERSEN, p.64).
Ao lado do pelotão de chumbo se erguia um lindo castelo de papelão, um bosque de arvores verdinhas e, em frente, havia um pequeno lago feito de um pedaço de espelho. A maior beleza, porém, era uma jovem que estava em pé na porta do castelo. Ela também era de papel, mas vestia uma saia de tule bem franzida e uma blusa bem justa. (ANDERSEN, p.65).
As bonecas de papel existem desde que o papel surgiu, essas figuras foram usadas em rituais culturais asiáticas, em algumas culturas eram usadas para satirizar a nobreza, em fim as figuras eram criadas também para o divertimento de adultos ricos e crianças. A primeira boneca de papel representava uma bailarina famosa, com isso Andersen introduz uma boneca de papel para retratar uma passagem de sua vida como bailarino, estimulando a imaginação e a criatividade, através das amplas possibilidades oferecidas pelo material.
Em muitas culturas as bonecas é um brinquedo associada às meninas, mas existem versões para meninos, muitos desses que caracterizam as formas que lembram os humanos. Na simbologia esses bonecos simbolizam a infância, no caso do boneco O soldadinho de chumbo, caracteriza um personagem de guerra em sua forma humanizada.
A atraente jovem era uma bailarina, por isso mantinha os braços erguidos em arco sobre a cabeça. Com uma das pernas dobradas para trás, tão dobrada, que acabava escondida pela saia de tule. O soldadinho a olhou longamente e logo se apaixonou, e pensando que, tal como ele, aquela jovem tão linda tivesse uma perna só."Mas é claro que ela não vai me querer para marido",..."Tão elegante, tão bonita....Deve ser uma princesa. E eu? Nem cabo sou, vivo numa caixa de papelão...." (ANDERSEN, p.65).
O autor traz á tona conflitos praticamente em todo o conto. As diferenças sociais estão impregnadas no século XIX na Dinamarca, em que as guerras destruíam a economia e aumentavam os contrastes entre as classes de menor poder aquisitivo e a nobreza.
Notamos que o soldadinho admira a bailarina por ter algo em comum com ele, lhe falta uma perna, com isso percebemos sua situação de risco, sem uma perna , sozinho, mas quando surge à bailarina começa a fantasiar um mundo possível para sua condição de deficiência. Em função desse amor impossível ele sofre diversas revezas, cai da janela, é colocado a navegar pelos esgotos num barquinho de papel e termina na barriga de um peixe que, para seu grande espanto, é comprado pela cozinheira da casa onde morava. Mas nem essa virada da sorte propícia o amor impossível dos dois: somente na morte, queimado juntos, eles finalmente se fundirão.
Toda essa representação, da idéia de que o amor é impossível para quem possuem diferenças, se tentar construir um sentimento mais forte sofrera serias conseqüências, como as piores mazelas da sociedade. No entanto, o conto não fala apenas do amor entre o soldado e a bailarina. No original, um feiticeiro, um boneco de molas, (demônio, em algumas traduções), representa o adversário, o opositor ao bem. Representa também, a voz da sociedade da época, e isso fica claro quando o duende diz ao soldadinho que ele deve "tirar os olhos" da bailarina. Ela, simbolicamente, está relacionada intimamente com o criador, pois liga-se a ele através da dança, tornando-se divina.
"A literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no dialogo leitor/texto estimulando pela escola." (COELHO, p.15).
Este conto aborda, diferenças culturais, identidade e aceitação, criando um personagem valente e perseverante. "Os soldados eram todos iguais uns aos outros, exceto um que só tinha uma perna. No entanto, mantinha-se em pé tão bem como os outros que tinham duas pernas", apresentava um caráter heróico apesar de sua aparente fragilidade (Andersen). O autor buscava transmitir padrões de comportamento que acreditava deverem ser adotados pela sociedade. Como por exemplo, de que todos os homens deveriam ter direitos iguais apesar das diferenças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Notamos como num conto do século XIX nos faz refletir sobre temas atuais como integração, amor, persistência, coragem e finalmente capacidade de enfrentar as adversidades que nos são impostas no dia-a-dia, antes mesmo da criação da Psicanálise e das mudanças nas concepções de infância, brinquedo e literatura para crianças, o boneco O Soldadinho dechumbo se faz presente na historia representando uma gama de afetos para a criança: as perdas, as mudanças, a paixão, facilitando uma possível transferência de sentimentos bons e ruins da criança para o personagem. No entanto Anderson transmite valores no conto, pois, na historia, um homem que ama, sofre e vê esse amor redimido pelo fogo. São valores alcançados pelo sofrimento, como uma maneira de conquistar a felicidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 11º. Editora Scipione. São Paulo. 2005.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 16ª edição. [SI]. Paz e Terra. 2002.
BIANCHETTI, Lucídio. FREIRE, Ida Mara (ORGS). Um olhar sobre a diferença.11ª ed. Papirus. 2010.
COELHO, Nelly. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo. Moderna. 2000. P.15.
DINIZ, Diniz. O que é deficiência. São Paulo. Brasiliense. 2007.
FERREIRA, Maria Elisa Caputo; GUIMARÂES, Marly. Educação inclusiva. Rio de Janeiro. DP&A. 2003.
ZILBERMAN, Regina;LAJOLO, Marisa. Um Brasil para crianças: para conhecer a literatura infantil brasileira – histórias, autores e textos. São Paulo: Global. 1988. P.14 a 21.
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31 DE MARÇO DE 1964 O DIA QUE O BRASIL NÃO VIROU CUBA!
- CANÇÃO DO EXÉRCITO
http://youtu.be/F2QmmzupR2M
- CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO
http://youtu.be/ko5wpwb8WL0
Vídeo canção do expedicionário uma homenagem aos pracinhas da feb na campanha da Itália em 1944 onde a tropa brasileira teve sua glória e sua honra novamente estabelecida e devolveram ao seu povo o orgulho de pertencer a essa grandiosa pátria!!! BRASIL acima de tudo!!!
Lulla e seu sócio no tráfico, e outros crimes, como o roubo da refinaria da Petrobras com colares de Coca na dia da inauguração de uma estrada para transporte de cocaína para o Brasil (mundo) e ainda financiada pelo BNDS.
O tipico comunista
A ESQUERDA ACABOU COM AS POLICIAS!!!
Como que o governo do Estado do Pará acaba com a segurança pública?
E isso deve se repetir pelo Brasil todo.
1- Pagando aos delegados uns dos piores salários do Brasil;
2- Em 28 municípios do Pará não existe delegados;
3- Muitas regiões do estado tem um único delegado que é responsável por 5 municípios;
4- Em 19 municípios paraenses não existe sequer delegacias;
5- Varias delegacias tanto da capital como do interior, não oferecem as mínimas condições de trabalho, Estão caindo na cabeça das pessoas;
6- O governo ao invés de criar novas delegacias esta fechando as poucas que existem na periferia;
(ex. Telegrafo, Atalaia, Cabanagem, Aura);
7- Jornada de trabalho excessiva;
8- Desvio de função quando os policias são obrigados a vigiar presos;
9- Falta de treinamento adequado na formação do policial;
10- Falta de politicas públicas para a diminuição da criminalidade;
As dez pragas que fazem a polícia pedir SOCORRO!!!!!!!!!!
A VOZ DO COMUNISMO: PSTU E PSOL, "SOCIALISTAS" DE SALÃO
Entenda por que o PSTU e o PSOL não podem ser considerados partidos socialistas (???!!!), dado o seu apoio ao imperialismo segundo um esquerdista de carteirinha nuclear.
http://youtu.be/h9fehgQSaHw
“Dentre as afirmações do marxismo, algumas são inverificáveis; outras, puderam ser confrontadas com a experiência e foram pela experiência refutadas. Mas no marxismo, tanto as proposições inverificáveis, quanto as que foram refutadas pela experiência, funcionam como um sistema religioso. As críticas racionais e a contestação do marxismo pelos fatos, têm sido completamente inúteis em face da eficiência que o sistema tira de seu caráter religioso”
- Heraldo Barbuy em Marxismo e Religião.
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