Sustentabilidade
Publicado por RHevista RH - domingo 1 de julho de 2012 - às 0:01
Eterna, enquanto dure?
O que permite a longevidade às empresas?
Claro que a reposta não é tão simples, fácil e nem direta.
Vamos apresentar um conjunto de ações que visam aumentar a probabilidade de uma organização em comemorar aniversários bonitos: 10 anos, 25 anos, 50 anos… 500 anos (por que não?).
Existem empresas na Europa e na Ásia estabelecidas há mais de 1000 anos.
Será que as pessoas, normalmente, não se interessam pela duração das suas empresas por períodos que vão além das suas próprias vidas?
Sustentabilidade
Sustentabilidade tem tudo a ver com a longevidade das empresas.
Os meios de comunicação convencionaram, erroneamente, tratar o assunto somente com a abordagem ambiental.
Portanto, vamos tratar de alguns elementos da Sustentabilidade, nas dimensões econômica, social e ambiental.
Fazer o bem, ser correto – sempre
Acredito no poder (quase mágico) de se fazer o bem, sempre. Parece meio romântico, meio utópico, meio sonhador, mas deve ser encarado como totalmente possível.
Nesta linha, vamos falar sobre o combate às coisas perversas que minam, com certeza, a perspectiva de futuro, das empresas.
A empresa deve combater todas as formas de:
- corrupção (ativa ou passiva)
- trabalho infantil ou forçado (em toda a cadeia de valor)
- discriminação
Como proceder nestes casos? A empresa deve ter diretrizes (documentadas e divulgadas) para estas ocorrências. Deve treinar, periodicamente o seu pessoal.
Por outro lado, deve:
- atender a todos os requisitos da legislação (ambiental, de saúde e segurança, fiscal, etc.)
- promover a diversidade, incluindo um maior número de mulheres em cargos de alta gerência, diretoria, presidência e conselho
- contratar aprendizes
- contratar portadores de necessidades especiais
- promover iniciativas de desenvolvimento sustentável junto à comunidade do entorno
- combater toda forma de assédio
Comunicação
A empresa deve ter a habilidade de se comunicar bem com todos os seus públicos. Isto inclui situações normais, anormais e emergenciais.
Relatórios (e/ou informações disponibilizadas em websites) devem ser elaborados de forma a comunicar, de maneira clara, informações relevantes para os acionistas, colaboradores, clientes, fornecedores, dentre outros. Aspectos positivos e negativos devem ser divulgados (grande desafio, não é ?).
A transparência deve existir em tudo que se faz. Por que não divulgar a doação feita a um partido político /candidato específicos?
As pessoas devem ser treinadas e devem participar de discussões de revisão, periodicamente, sobre as declarações de missão, visão, valores, políticas (ambiental, de saúde e segurança, da qualidade, integrada), e sobre os códigos de ética e de conduta, dentre outros.
Governança corporativa e desempenho
A meritocracia deve ser, sempre, a abordagem preferencial. Para isto, é claro, as avaliações de desempenho, com avaliadores e avaliados bem preparados, são necessárias. A remuneração variável e as oportunidades de crescimento e desenvolvimento devem ser resultantes destas avaliações.
Não só o alcance das metas previamente negociadas, mas a aderência do comportamento do avaliado aos valores da empresa e os resultados ambientais e de saúde e segurança da organização devem ser levadas em consideração nas avaliações.
O desempenho do Conselho de Administração e de cada um dos seus membros deve ser avaliado periodicamente. Tendo em vista que, em alguns casos, a remuneração de um conselheiro chega a representar 40% da remuneração anual de um alto executivo, este investimento deve dar um retorno muito bom, não é mesmo?
Sempre que possível, deve-se compor o Conselho com profissionais do mercado e contar com o assessoramento de especialistas. Conselheiros proprietários precisam estar muito bem preparados. Cuidado com a tentação em acreditar que somente o nome da família os credenciam, naturalmente, a serem muito bons no que fazem. O alerta serve para a atuação da “família proprietária” em todos os níveis. Deve haver, também, um plano de sucessão para todos os cargos.
Auditorias internas e externas são muito importantes, para se prevenir desvios ou para detecção dos mesmos, com o consequente aprimoramento dos controles e a responsabilização dos envolvidos.
O Planejamento Estratégico tem sido alvo de críticas, quanto a sua utilidade, em função da velocidade das mudanças e da imprevisibilidade de muitas variáveis. Neste caso, podemos citar duas frases (me perdoem por não saber o nome dos autores, para variar), que reforçam a necessidade dos planos do negócio:
1) “Quando não se sabe onde se quer chegar, qualquer lugar é o errado”
2) “Quem não planeja, planeja falhar”.
Deve-se incluir:
- ações no sentido da inovação, visando reduzir os impactos negativos e aumentar os benefícios sociais e ambientais do negócio
- o desenvolvimento de novos produtos e serviços com a inclusão social e a redução da pobreza
- a criação de valor para os diferentes públicos
- o uso mais eficiente de recursos naturais
Li, recentemente, o livro “O Verdadeiro Poder”, de Vicente Falconi. Ele comenta, neste livro, que muitas pessoas sabem desenhar o ciclo PDCA (ou ciclo Deming), mas que, poucas pessoas sabem, realmente, utilizar a ferramenta. Concordo com o Sr. Falconi. O mesmo ocorre com o planejamento estratégico: muito se fala, mas o que é praticado, realmente?
Práticas ambientais, de saúde e segurança
Claro que não poderíamos deixar de abordar estas boas práticas como parte da Sustentabilidade:
- Reciclagem de materiais e o uso de materiais reciclados
- Redução na geração de resíduos, efluentes e emissões
- Otimização no uso dos recursos naturais
- Melhoria da eficiência energética
- Gases de Efeito Estufa (GEE): inventário, estabelecimento de metas e de programa estruturado para a redução das emissões, cumprimento do programa e alcance das metas
- Descrições de funções (em todos os níveis): devem incluir atribuições e responsabilidades ambientais e de saúde e segurança. Não devemos cair na tentação de “delargar” quase que a totalidade das responsabilidades ao Coordenador ou à Coordenadora de Gestão Integrada…
- Melhoria da qualidade de vida dos Colaboradores
- Implementação dos requisitos e certificação conforme ISO 14001 e OHSAS 18001: é um bom começo.
Cenários
Devem haver planos de contingência para diversos cenários, incluindo a ocorrência de crises. Estes planos devem ser atualizados e testados (sempre que possível), periodicamente.
Seguros, com ampla cobertura, devem ser contratados.
Quantas empresas conhecemos que, nos últimos 30 anos, “sumiram do mapa”, em função de um excesso de otimismo dos seus controladores e/ou de despreparo para lidar com algumas situações desfavoráveis?
Fornecedores
“Uma corrente é tão forte quanto o seu elo mais fraco” (preciso ficar mais atento às autorias das frases que gosto de citar…). Esta frase ilustra bem a necessidade de se avaliar, selecionar, desenvolver fornecedores, conforme os conceitos da sustentabilidade do negócio.
A imprensa tem divulgado, nos últimos tempos, casos de co-responsabilidade de grandes empresas conhecidas mundialmente (fabricantes de material esportivo, redes de lojas, dentre outras) que adquiriam produtos de fornecedores com práticas laborais questionáveis.
Equilíbrio
Acredito que o grande desafio das pessoas e das empresas seja alcançar e manter um equilíbrio: de tempo e de energia investidos em cada um dos elementos que compõem suas vidas e as das empresas.
Ou dedicamos tempo e energia vendendo, ou produzindo, ou inovando, ou melhorando continuamente, ou… ou . Porém, quando nos dedicamos mais a um assunto, corremos o risco de nos descuidar dos outros.
Claro que existem conceitos, já muito conhecidos, como delegação, grupos de trabalho, times auto-gerenciados, empowerment, etc., que possibilitam as empresas conduzir vários dos assuntos citados neste texto de maneira quase que simultânea.
Entretanto, para que tudo funcione como apresentado aqui, precisamos de gente boa (em todos os sentidos), competente, disposta a fazer um trabalho de qualidade, com produtividade, eficiência, etc ao longo do tempo (constância de propósito).
As pessoas, sempre elas, é que podem assegurar a sustentabilidade e a longevidade das empresas. Neste sentido, a formação e atuação de líderes para a consolidação da cultura da sustentabilidade é fundamental.
Sobre o autor:
Ronaldo de Fávero, é Consultor em Gestão Empresarial desde 1992; Atuação em Sistemas de Gestão Integrada, Governança Corporativa e Gerenciamento Interino; Cursando MBA em Gestão de RH – INPG São Paulo; Pós-graduado em Qualidade, Especialista em Meio-ambiente e Graduado em Matemática; Ex- Professor de pós-graduação da FEI – Faculdade de Engenharia Industrial
e-mail: ronaldo.favero@terra.com.br