Alberto Nisman foi achado no banheiro de seu apartamento com uma marca de tiro na cabeça. A polícia achou também uma arma no local
19/01/2015
às 20:30 \ Vasto Mundo
De VEJA.com
O promotor federal argentino Alberto Nisman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento em Buenos Aires na madrugada desta segunda-feira, reporta o jornal Clarín. De acordo com a imprensa argentina, há uma marca de tiro na cabeça de Nisman, que morava em um prédio no bairro de Puerto Madero, área nobre da capital argentina. A polícia investiga o caso e informou que localizou no local um revólver de pequeno calibre.
Uma repórter do Clarín conversou com Nisman via WhatsApp neste sábado e o promotor afirmou que temia ser morto por suas acusações.
A procuradora Viviana Fein, encarregada de investigar a morte de seu colega, pediu prudência. “Estamos investigando ainda, é preciso ter muita cautela”, disse Fein, confirmando que o corpo foi encontrado pela mãe de Nisman no banheiro de seu apartamento, em um edifício com segurança particular no luxuoso bairro de Puerto Madero.
O Ministério de Segurança da Argentina divulgou um comunicado no qual detalha que Nisman “foi encontrado sem vida na noite de domingo em seu apartamento do 13º andar da torre Le Parc”, de Puerto Madero, no coração de Buenos Aires.
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Segundo as autoridades, Nisman tinha dez agentes da polícia para fazer sua proteção pessoal e foram eles que “alertaram sua secretária durante a tarde devido à falta de resposta aos insistentes telefonemas”. “Ao constatar que o homem também não respondia à campainha da casa e que o jornal de domingo ainda estava no corredor, decidiram avisar os familiares”, disse o comunicado.
Os seguranças buscaram a mãe do procurador, a levaram ao edifício e, ao tentar entrar, a mulher constatou que a porta estava fechada com a chave colocada na fechadura por dentro. Os familiares pediram ajuda a um chaveiro para entrar no apartamento.
“No início da noite, a mãe entrou na casa acompanhada por um dos seguranças, encontrando o corpo de Nisman no interior do banheiro de seu quarto, bloqueando a porta de entrada ao mesmo”. “Junto ao corpo de Nisman, que estava no chão, foi encontrada uma arma de fogo calibre 22, além de uma cápsula de bala”, indicou.
O procurador Nisman, de 51 anos, iria se apresentar nesta segunda-feira no Congresso para dar detalhes de sua denúncia contra a presidente Kirchner e seu chanceler Héctor Timerman e outros dirigentes, acusados por ele na quarta-feira passada de acobertar o Irã por seu suposto envolvimento no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que deixou 85 mortos e 300 feridos em 1994.
O governo negou a denúncia do procurador, chamando-o de mentiroso e atribuindo a atuação de Nisman a uma operação dos serviços de inteligência. Nisman havia sido designado em 2004 por Néstor Kirchner como procurador especial para o caso Amia, um ano após a anulação de um julgamento por irregularidades na investigação.
“A presidente e seu chanceler tomaram a criminosa decisão de fabricar a inocência do Irã para saciar interesses da República da Argentina”, disse Nisman. O promotor argumenta que a cúpula do governo Kirchner negociou e organizou com Teerã “um sofisticado plano” para acobertar participantes do atentado.
Afronta – A deputada opositora Patricia Bullrich disse estar consternada com a morte do procurador e afirmou que este ocorrido é “uma grave afronta à institucionalidade do país”. “Um procurador morto antes de dar um relatório ao Congresso em um caso onde há terrorismo internacional me parece de uma enorme gravidade”, acrescentou Bullrich.
A deputada disse ter falado no sábado com Nisman três vezes e ele mencionou que havia recebido várias ameaças. “Disse que se sentia tranquilo e contou que explicou a situação a sua filha de 15 anos”, disse a deputada em declarações ao canal C5N. Para a audiência desta segunda-feira o procurador solicitava que seu comparecimento ocorresse em particular, mas parlamentares governistas exigiam que a audiência fosse pública e transmitida pela televisão.
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