| 26 MAIO 2015
ARTIGOS - DESINFORMAÇÃO
O general Ion Mihai Pacepa, o oficial de mais alta patente que desertou do bloco soviético, disse ao Accuracy in Media que as recentes revelações do caso Snowden-NSA o convenceram de que a chegada do informante Snowden na Rússia foi “o resultado de uma bem planejada operação de inteligência russa” contra os Estados Unidos.
Snowden “é um agente do serviço de inteligência russo no exterior”, concluiu o general.
O mais recente livro de Pacepa, Disinformation, escrito em co-autoria com o professor Ronald Rychlak, foi publicado pelo WND Books. Segundo ele, o presidente russo Vladimir Putin, antigo oficial da KGB, e os seus camaradas transformaram a Rússia na “primeira ditadura de inteligência da história”.
Pacepa fez as observações sobre Snowden em resposta a uma solicitação do AIM para que comentasse a informação da mídia russa de que, antes ir para Moscou, Snowden ficou vários dias morando no consulado russo em Hong Kong. Esta revelação contradisse as alegações russas de que a decisão de Snowden de ir para Moscou foi uma surpresa e não era esperada.
“Os americanos dizem que se você realmente quer conhecer alguém, deve caminhar uma milha usando os sapatos dele”. disse o general. “Eu usei os sapatos da desinformação durante muitas milhas e durante muitos anos e tenho boas razões para acreditar que a ‘surpresa’ de Moscou com a chegada do informante Snowden é o resultado de uma operação de desinformação”.
“Poucos outsiders sabiam que durante a Guerra Fria havia mais gente no bloco soviético trabalhando para a desinformação da KGB do que para as forças armadas e para a indústria da defesa soviéticas somadas. A maior parte dessa imensa rede de desinformação sobreviveu e certamente fará tudo o que puder para persuadir o resto do mundo que Snowden é um simples funcionário terceirizado que agiu por conta própria. A recente revelação de que Snowden passou vários dias escondido no consulado russo em Hong Kong certamente não ajudará o Kremlin a manter as mãos limpas por muito tempo em relação a essa deserção.” explicou Pacepa.
Na minha coluna sobre este assunto, afirmei que a informação da mídia russa sobre a estadia de Snowden no consulado russo, não anteriormente revelada, não apenas era prova de que Putin mentira descaradamente sobre o relacionamento de Snowden com a Rússia mas que ele está agora se gabando de ter levado a cabo esta imensa operação de enganação. Dentre outras coisas, Putin disse anteriormente que não queria que Snowden prejudicasse a segurança dos seus “parceiros americanos”.
Em um clássico caso de desinformação – uma velha tática soviética –, “os russos querem que as pessoas acreditem que Snowden era um delator procurando desesperadamente um lugar para onde ir” escrevi em minha coluna.
Descrevendo a própria deserção, Pacepa afirma que as pessoas devem analisar o quão diferente foi a chegada de Snowden a Moscou em comparação com a sua chegada aos EUA, e como as evidências indicam que o caso NSA-Snowden foi uma operação planejada do início ao fim, concebida para confundir o mundo sobre as reais intenções da Rússia e do informante da NSA.
Também observamos que o contato de Snowden, Glenn Greenwald, do jornal The Guardian, havia sido um palestrante regular em conferências comunistas internacionais.
“Em 1978, quando eu finalmente tomei a decisão de romper com o comunismo, trouxe apenas uma câmera com algumas fotos da minha filha e um relógio de pulso com a assinatura do rei Hussein da Jordânia no mostrador, que eu havia acabado de ganhar do rei por – como ele disse – ter salvo a sua vida de uma tentativa da assassinato preparada pelo líder da OLP, Yasser Arafat” disse Pacepa. “Eu era o chefe da espionagem romena e poderia ter trazido centenas de documentos altamente secretos – em filme, microfilme ou microdot. Tudo o que eu quisesse. Mas não o fiz porque estava dando aquele gigantesco passo por mim mesmo e poderia ter sido preso na fronteira romena. Outros desertores do meu serviço secreto, o DIE (Departamentul de Informatii Externe), haviam fugido antes de mim. Pelo que sei, nenhum deles havia trabalhado para outro serviço secreto, e nenhum havia levado nenhum documento confidencial. Naquele instante, tudo o que eu queria, e tudo o que os outros desertores queriam, era escapar com vida, e contar as nossas histórias.”
Pacepa explicou: “Durante a Guerra Fria, houve centenas de outros desertores do bloco soviético movidos por iniciativa própria e, pelo que sei, nenhum fugiu carregado com documentos secretos. Mesmo o famoso arquivista da KGB, coronel Vasili Mitrokhin, que, na década de 1990, nos forneceu cerca de 25 mil páginas de documentos altamente confidenciais (descrito pelo FBI como o ‘mais completo e extenso arquivo secreto jamais recebido de qualquer fonte’) não ousou cruzar a fronteira com os documentos escondidos. Quem os contrabandeou da Rússia foi o MI6”.
Snowden, entretanto, esteve juntando documentos secretos durante meses, incluindo informações reveladas pelo The Washington Post no seu jornal de sexta-feira sobre o “black budget” (NT: orçamento secreto) das agências de inteligência americanas. O material fora “fornecido ao The Washington Post pelo ex-funcionário de inteligência terceirizado Edward Snowden” disse o jornal. Esta é apenas a mais recente revelação de Snowden, e mais foi prometido.
O jornal acrescentou “o The Post está retendo informações após ter consultado oficiais americanos que expressaram preocupação com o risco para as fontes e métodos de inteligência”. Mas não há dúvida de que os nossos adversários e inimigos, como a Rússia, agora têm acesso a esses detalhes.
Enquanto isso, a EFF – Electronic Frontier Foundation, patrocinada por George Soros – recepcionará, em 19 de setembro, um evento para os “vencedores do Pioneer Award de 2013”, incluindo Glenn Greenwald e Laura Poitras, que trabalharam com Snowden quando ele fez as suas revelações contra a NSA. A EFF recebeu quase um milhão de dólares de George Sores e das suas fundações ao longo dos últimos cinco anos.
Greenwald e Poitras podem ser acusados de espionagem por sua participação na facilitação das revelações e das viagens de Snwoden.
Por sua própria admissão, Poitras tem sido parada por oficiais de imigração em muitas ocasiões diferentes, entrando e saindo dos EUA, enquanto o “parceiro” sexual de Glenn Greenwald, um brasileiro chamado David Miranda, foi recentemente detido pelas autoridades britânicas durante uma viagem a Londres. Miranda esteve em Berlin onde se encontrou com Poitras.
David Barrett, correspondente do London Telegraph, informa que Oliver Robbins, representante do conselheiro nacional de inteligência, segurança e resiliência no Cabinet Office fez um relatório de 13 páginas informando que Miranda estava transportando “cerca de 58 mil documentos de inteligência do Reino Unido altamente secretos”.
Robbins teria dito que o governo tem sido forçado a assumir que as cópias das informações que estavam com Snowden “agora estão nas mãos de governos estrangeiros após a sua viagem a Moscou via Hong Kong.”
Publicado no Accuracy In Media.
Tradução: Ricardo R Hashimoto