“Mesmo nos países desenvolvidos, o lixo é desperdiçado por pessoas desleixadas”.
A sincera objetividade do cientista, professor da Universidade da ONU em Tóquio e inventor japonês Akinori Ito é ao mesmo tempo desabafo crítico e mote que justifica a sua maior criação: um sistema que gera petróleo a partir de sacolas e embalagens plásticas. Produzidas às centenas de bilhões de unidades por ano e com demora de até 100 anos para se decomporem, elas são uma terrível praga ambiental e um pesadelo para administradores de cidades de todos os portes, às voltas com aterros sanitários e lixões que ocupam cada vez mais espaço e poluem mais.
A invenção, que Ito bolou em 2010 e vem aperfeiçoando, já foi vendida a compradores de 80 diferentes países, em geral pelo site de sua empresa Blest Corporation. O cientista japonês tem levado sua maquininha também a comunidades pobres da África e da Ásia, onde promove educação ambiental para crianças e doa aparelhos.
A máquina, menos do que um bebedor de água de escritório, propõe a inversão da clássica transformação de petróleo em plástico. E ainda o faz gastando pouca energia (1 kilowatt para a produção de um litro de combustível, a partir de 1 quilo de restos plásticos).
Como é que a coisa funciona? Simples: os itens de plástico são depositados na parte superior da máquina – não há necessidade de triturá-los – e depois aquecidos. Retêm-se os vapores gerados, que posteriormente vão sendo distribuídos por um complexo arranjo de tubos e recipientes de água. Em seguida, resfria-se os gases, convertendo-os em petróleo.
Mais barato e mais “limpo”
Ao passo que mais pessoas e empresas tenham acesso a mecanismos como o de Ito – que ainda é caro, com preços a partir de US$ 10 mil -, o cientista acredita que o nosso dia-a-dia pode tornar-se bem mais em conta.
Para Ito, as máquinas transformadoras de plástico em petróleo constituem uma modalidade de geração de combustível e energia não apenas mais barata, como também mais limpa do que a simples e nefasta queima de sacos e embalagens. De fato, a combustão de 1 quilo de plástico redunda em 3 quilos de gás carbônico poluidor ( CO2), enquanto o novo sistema, ao produzir novamente o óleo, reduz a emissão de carbono na atmosfera em até 80%, sem emitir poluentes tóxicos.
Cadeia de reciclagem
O produto final pode ser refinado de diferentes maneiras – convertendo-o em querosene, gasolina e diesel – e empregado em gerador, fogão, carro, moto, entre outros dispositivos. Sim, ainda se trata de combustível que fatalmente será queimado, gerando CO2, mas que passa a integrar uma inteligente cadeia de reciclagem.
No vídeo abaixo, Akinori Ito demonstra como funciona o módulo mais básico de sua invenção (há pelo menos quatro outros disponíveis no site):
Barcelona têm um sistema interessante
Tags: Akinori Ito, Blest Corporation, geração de energia alternativa, meio ambiente, petróleo, poluição, sacolas plásticas, sustentabilidade, Universidade da ONU
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