Tiririca apoia José Serra: 'Ainda bem que eleição não é concurso de beleza'
Tucano recebeu nessa segunda-feira apoio do PR, ex-aliado da presidente Dilma Rousseff. Aliança garante 1'35'' a mais na propaganda eleitoral
Carolina Freitas
Serra recebe apoio do PR (Karime Xavier/ Folhapress)
O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, ganhou nesta segunda-feira o apoio do PR. A aliança traz ao tucano um minuto e trinta e cinco segundos a mais na propaganda eleitoral no rádio e televisão e pelo menos um forte puxador de votos: o deputado federal Tiririca, aquele do ‘pior que tá não fica’ – campeão das urnas na última eleição. Para conviver com seu mais novo cabo eleitoral, porém, o sempre sério José Serra terá de treinar um pouco de jogo de cintura. Afinal, Tiririca é um palhaço de profissão e, portanto, dado a fazer piadinhas. Hoje, perguntado sobre o que havia achado do seu novo candidato a prefeito, Tiririca saiu-se com uma delas: “Ainda bem que não é concurso de beleza. Se fosse, ele estava perdido, né?”
O palhaço – "o único por profissão no Congresso", como gosta de ressaltar Tiririca – disse ter tido uma boa impressão do candidato e estar muito disposto a pedir votos. Ofereceu seus préstimos até para ajudar a equipe de comunicação a criar um bom slogan para Serra. Os dois se conheceram no mesmo evento em que o PR ratificou o apoio ao tucano nas eleições municipais. O governador paulista, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, Gilberto Kassab, participaram do encontro, na sede do PR.
Na esfera federal, o PR fazia parte do governo Dilma Rousseff (PT) até ter o ministro Alfredo Nascimento, dos Transportes, demitido por envolvimento num esquema de corrupção. A legenda então se declarou “independente”. “Política é assim. A gente já aprendeu como é que funciona”, resumiu Tiririca sobre apoiar ora o PT, ora o PSDB.
O ex-ministro Alfredo Nascimento, que é presidente nacional do PR, também optou por uma explicação pragmática. “A política é muito dinâmica”. Ele nega ressentimentos em relação à presidente Dilma, mas admite: “O PR tem uma bancada de sete senadores e 39 deputados federais. Para apoiar o governo, teríamos de ter espaço. E hoje nós não temos”.
Serra tampouco pareceu incomodado em se unir aos ex-aliados de Dilma. “A questão não é ideológica, mas em torno de um programa de governo e de um estilo de governar”, disse. “Quem vem para a minha campanha adere ao meu estilo de governar." O tucano tem como costume pregar contra o fisiologismo na administração pública – e o PR rompeu com a presidente depois de ter negados seus pedidos por cargos na estrutura federal.
Em discurso a uma centena de filiados ao PR, entre eles vereadores, deputados e prefeitos, Serra elogiou Nascimento. "Quando eu fui prefeito e governador e Alfredo Nascimento era ministro, tivemos uma relação muito republicana e proveitosa para São Paulo", disse o tucano, que destacou a atuação do ministro em parceria com o governo de São Paulo para a construção do Rodoanel Mário Covas.
Questionado sobre o fato de Nascimento ter sido demitido por envolvimento com corrupção, Serra respondeu: “Estamos fazendo aliança com o partido, não com pessoas. Qualquer acusação sobre qualquer pessoa vai ser analisada e julgada na Justiça."
Os gracejos de Tiririca certamente incomodarão José Serra mais do que o passado de Valdemar da Costa Neto, um dos articuladores da aliança pelo lado do PR. Costa Neto é réu do processo do mensalão, maior escândalo de corrupção do governo do PT, que deve ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda este ano. “Se for proibido se coligar com partidos que têm pessoas no processo, o PT não poderia nem disputar a eleição, porque foi ele que comandou a organização do mensalão”, responde Serra.
Apoio oficial - O prefeito Kassab e o governador Alckmin reservaram uma hora em meio ao expediente para prestar homenagens a José Serra e ao novo parceiro PR. Kassab saudou a "família do PR" e lembrou que é "um privilégio para a cidade de São Paulo ter um candidato da envergadura de Serra". Alckmin, por sua vez, louvou o fato de PSDB e PR estarem agora "juntos nessa jornada cívica, em benefício da população". "Não tenho dúvida de que Serra será instrumento de uma grande vitória", afirmou o governador.
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