Exploração de petróleo no Oceano Ártico abrirá nova fronteira
Por John M. Broder e Clifford Krauss, The New York Times News Service/Syndicate
Washington – Pouco antes do feriado de Ação de Graças de 2010, os líderes da
comissão indicada pelo presidente Barack Obama para investigar o vazamento de
petróleo no Golfo do México se sentaram no Salão Oval para informá-lo sobre a
situação.
Depois de ouvir o que haviam descoberto sobre o acidente da BP e a segurança
da perfuração em águas profundas, o presidente mudou abruptamente de
assunto.
"Qual a opinião de vocês sobre a exploração da região do Ártico?", perguntou
ele.
William K. Reilly, ex-chefe da Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos (EPA) e copresidente da comissão, ficou surpreso, assim como Carol M.
Browner, que na época era a principal assessora do presidente para assuntos de
energia e alterações climáticas. Embora uma proposta da Shell para explorar
petróleo no Ártico já tivesse causado divergências, a questão não era um dos
focos principais do trabalho do painel.
"Não se trata de águas profundas, certo?", disse o presidente, observando que
a proposta da Shell envolvia a exploração de poços em baixa pressão a 46 metros
de profundidade, nada comparado aos 1.500 metros de profundidade explorados em
alta pressão pela BP no golfo.
"O que aquilo indicou", disse Reilly mais tarde, "era que o presidente já
havia pesquisado profundamente a questão e estava preparado para seguir
adiante".
A menos que uma ação legal bem-sucedida de última hora seja movida por grupos
ambientalistas, a Shell deve começar a perfurar poços na costa do norte do
Alaska em julho, abrindo uma nova fronteira na exploração de petróleo nos
Estados Unidos e acelerando uma corrida global para explorar os incalculáveis
recursos que existem sob o oceano congelado. É um momento extremamente promissor
e consideravelmente perigoso.
Jim Wilson/The New York Times
Jim Wilson/The New York Times
Os peritos da indústria e agentes de segurança nacional consideram o Ártico
do Alaska como a última grande possibilidade de exploração de petróleo no país,
que ao longo do tempo poderia reduzir drasticamente a dependência que os Estados
Unidos têm do petróleo estrangeiro. Muitos nativos do Alaska e defensores do
meio ambiente dizem que a perfuração ameaça a vida selvagem e as linhas
costeiras intocadas, além de perpetuar a dependência de combustíveis fósseis
poluentes no país.
Ao aceitar a exploração da Shell no Ártico, Obama dá continuidade a suas
tentativas de equilibrar negócios e interesses ambientais. Ele agradou os
ambientalistas ao adiar a construção de um gasoduto do Canadá e ao adotar
padrões mais rigorosos de qualidade de ar para usinas de energia, mas também
trouxe preocupações ao recusar um padrão de ozônio considerado muito dispendioso
para a economia.
Agora, o presidente está escrevendo um novo capítulo na transformação
energética do país, beneficiando, no caso, os produtores de combustíveis
fósseis.
"Nunca esperamos que um presidente democrata fosse autorizar a exploração do
Oceano Ártico, muito menos um que quisesse promover uma transformação", disse
Michael Brune, diretor-executivo do Sierra Club.
A exploração do Ártico já consumiu sete anos e cerca de 4 bilhões de dólares
da Shell durante dois mandatos presidenciais.
Outras petrolíferas já estão fazendo fila para se unir à Shell no Ártico, o
que os executivos da empresa dizem poder vir a produzir um milhão de barris por
dia de petróleo – ou mais de 10 por cento da produção nacional atual. Entre a
população inupiat que vive mais perto do local onde a perfuração deve ocorrer, o
projeto continua a gerar tensão e debate. Embora dependam da produção de
petróleo para conseguir empregos e arrecadar impostos, eles dependem do oceano
para obter grande parte de sua alimentação e cultura.
"Eu estou preocupado porque vivemos do oceano, das baleias-da-groenlândia,
das belugas, das morsas, das focas-barbudas", disse Tommy Olemaun, presidente da
Aldeia Nativa de Barrow, uma organização tribal esquimó. "O oceano é o nosso
jardim."
Doug Mills/The New York Times
Jim Wilson/The New York Times
O mundo natural exerce um domínio místico sobre os quase cinco mil esquimós
da área de North Slope, onde os padrões de migração da baleia-da-groenlândia
ditam o ritmo da vida. Todas as outras atividades cessam quando os inupiat
carregam seus barcos de pele de foca com arpões. A carne de baleia é cortada na
praia e compartilhada pela comunidade, ao som de lendas míticas de baleias que
renunciam à sua liberdade para alimentar o povo.
Crânios de baleias em forma de arco são expostos na frente de prédios
públicos. As barbas de baleia – placas eriçadas que filtram o krill na boca do
animal – viram troféus em escritórios e residências.
No início de abril, o capitão baleeiro Roy Nageak, de 60 anos, desceu de sua
moto de neve e escalou um alto cume de gelo a 6,5 quilômetros da costa em busca
de uma trilha de caça navegável. "Esses caras do petróleo podem pensar o que
quiserem, mas nós sabemos como esse oceano é severo", disse ele. "Eles não sabem
onde estão se metendo."
Porém, os esquimós também passaram a contar com a indústria do petróleo.
Antes da perfuração em terra começar, na década de 1960, muitas comunidades da
área de North Slope não tinham água corrente e dependiam de lanternas de
querosene para ter iluminação. Os moradores picavam pedaços de gelo em lagos e
os transportavam em trenó levados por cães para preservar os alimentos. Não
havia escolas nem quartéis de bombeiros.
Desde a construção do oleoduto Trans-Alaska no final de 1970, a área de North
Slope passou a produzir um quinto do petróleo do país, e os impostos sobre a
indústria financiam o orçamento de 350 milhões dólares anuais do governo do
município de North Slope. Nos últimos 50 anos, a produção de petróleo e os
preços do petróleo bruto têm impulsionado a prosperidade do Alaska quase que
integralmente. Os moradores não pagam imposto de renda estadual e recebem de
fato cheques, totalizando cerca de 5 mil dólares para cada família de quatro
membros no ano passado – verba proveniente do Fundo Permanente do Alaska, uma
empresa em grande parte financiada pelas receitas do petróleo.
Porém, o desastre de Exxon Valdez, em 1989, mudou a postura de muitos,
especialmente entre os moradores. Eles temiam que a perfuração perturbasse a
migração de baleias-da-groenlândia, afastando os animais de seu alimento e
levando seus predadores, perigosamente, para longe da costa. Eles também temiam
que um vazamento pudesse envenenar as baleias.
Jim Wilson/The New York Times
D-Ala
O desastre da Deepwater Horizon, em 20 de abril de 2010, o pior vazamento
costeiro da história dos Estados Unidos, fez cessar os planos de prospecção da
Shell naquele ano, mas apenas retardou a pressão pela exploração do Ártico. Em
várias reuniões realizadas na Casa Branca, mesmo no auge da crise do Golfo,
altos funcionários da Shell insistiram em pedir uma decisão.
Após o vazamento do poço atingido ter sido estancado, em julho, Obama se
concentrou no agendamento do reinício da perfuração costeira e na possibilidade
de expandi-la. Um mês antes do desastre da BP, o governo propôs a abertura de
novas áreas para perfuração nas costas Leste e no Golfo, bem como no Alaska.
Os planos da empresa foram retomados no final de dezembro de 2010, quando um
painel da EPA revogou a licença de poluição do ar de uma de suas plataformas de
perfuração. A ação da EPA interrompeu efetivamente os planos da Shell por mais
um ano, mas o presidente colocou o pé no acelerador.
Em maio de 2011, o presidente autorizou vendas por arrendamento de petróleo
explorado em terra na Reserva Nacional de Petróleo do Alaska e expandiu os
arrendamentos costeiros das companhias de petróleo no Oceano Ártico. Em julho,
ele criou, por meio de decreto, uma força-tarefa de diversas agências, liderada
pelo vice-secretário do Interior mas supervisionada por Heather Zichal,
consultora ambiental da campanha de Obama em 2008, para enfrentar a burocracia
nas questões do Ártico, em particular nos planos de prospecção da Shell.
Ainda assim, algumas autoridades do governo reclamaram que ainda havia
grandes lacunas nos planos de emergência para vazamentos, além de muitas
incógnitas sobre o efeito da perfuração sobre os animais marinhos.
Sob a pressão dos reguladores, a Shell reforçou a prevenção de vazamentos e
planos de emergência. Ela construiu um sistema de contenção para o Ártico
inspirado no que conteve, com sucesso, o vazamento da BP, acrescentando navios e
equipamentos à armada, para que seja possível capturar qualquer petróleo
derramado. A empresa relutou, mas concordou em encurtar sua temporada de
perfuração do Mar de Chukchi em 38 dias, para menos de três meses, para garantir
que a área ficasse livre de gelo no caso de uma ruptura.
Jim Wilson/The New York Times
O governo reforçou os seus programas de pesquisa no Ártico para entender
melhor o impacto do aumento da atividade industrial no oceano do norte. Essas e
outras concessões pareceram aplacar as autoridades das agências responsáveis
pelas licenças, que estavam oscilando entre suas funções regulatórias e o desejo
óbvio do presidente de levar a exploração adiante.
As licenças da Shell foram liberadas rapidamente. O Ministério do Interior
aprovou a exploração em ambos os mares em dezembro passado. Os planos de
emergência foram aprovados em fevereiro e em março deste ano. O Conselho de
Arbitragem da EPA concedeu as autorizações finais no final de março – logo que a
temporada de caça às baleias começou. A Administração Oceânica e Atmosférica
Nacional dos Estados Unidos (NOAA) se manifestou por meio de uma autorização que
versou especificamente sobre mamíferos marinhos no início de maio.
"Nós não temos como impedir a exploração", disse um oficial sênior da agência
que temia a perfuração do Ártico, mas entendia o desejo do presidente. "Nós só
podemos fazer com que ela seja menos ruim."
A Shell está aguardando que o Ministério do Interior libere suas licenças
finais de perfuração. Dois navios da Shell estão em Seattle, passando por
modificações finais e inspeções.
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