Organizações internacionais estimam que os grupos façam mais de 200 vítimas por dia. Cientista político analisa a intenção desses grupos.
São muitos nomes, e muitas organizações extremistas atuando em regiões diferentes. Conheça como agem e o que querem esses grupos bárbaros que deturpam a religião islâmica e matam sem piedade: Al-Qaeda, Al-Qaeda do Iêmen, Estado Islâmico, Talibã, Boko Haram. Nomes estranhos, com significados geralmente pretensiosos, que foram se tornando comuns e assustadores desde que o maior atentado da história, numa manhã de terça-feira em Nova York, inaugurou um novo milênio. Uma época até agora marcada pelo embate entre terroristas islâmicos e o chamado Ocidente.
Os grupos fazem, em média, 20 ataques por dia. E é impossível calcular o número de vítimas porque muitas desaparecem em lugares onde o terror é a lei. Mas organizações internacionais estimam que sejam mais de 200 por dia.
Na última quarta-feira, o líder da Al-Qaeda do Iêmen, Nasser Bin Ali Al-Ansi, divulgou um vídeo dizendo que os terroristas que mataram os cartunistas do jornal francês, Charlie Hebdo, eram militantes do grupo.
A Al-Qaeda do Iêmen começou a ficar conhecida 15 anos atrás, no ataque que matou 17 pessoas no destroyer norte-americano "USS Cole". Era na época um braço da Al-Qaeda comandada por Osama Bin Laden. Mas como afinal esse grupo se organiza?
O jornalista iraquiano Ghaith Abdul-Ahad foi até o deserto iemenita para investigar. Ele negociou por meses para entrar na cidade de Jaar, o reduto da Al-Qaeda do Iêmen. Militantes do grupo ficam nos morros, armados até os dentes, vigiando a estrada.
Na entrada da cidade vazia, os radicais fincaram as bandeiras deles. São os mais de mil homens da Al-Qaeda do Iêmen que mandam no local. As escolas foram fechadas e as marcas da guerra deles aparecem em todo lugar.
A Al-Qaeda do Iêmen deixou de ser filial de Bin Laden e virou referência para terroristas. Combatentes da Somália, da Arábia Saudita e do Afeganistão vão a Jaar em busca de uma base de operações. Em um cinema improvisado, em uma praça, não passa filme nenhum. A diversão do povo é ver vídeos de ataques terroristas.
Significado de Al-Qaeda
O jornalista Ghaith teve os olhos vendados ir até o chefe da Al-Qaeda do Iêmen, Jalal Al-Marqashi. Mas não pôde gravar o encontro.
Em Aden, principal porto do Iêmen, Ghaith foi testemunha do medo. No enterro de uma menina de 15 anos, terroristas atiram do alto de um morro. Dias antes um homem havia sido morto e crucificado. O corpo ficou exposto por três dias, para dar exemplo e causar pânico.
A Al-Qaeda do Iêmen quer que todo o mundo siga a lei islâmica e pretende eliminar ou converter os que não acreditam no Islã. É a dissidência mais ativa entre os grupos que se separaram da Al-Qaeda original depois da morte de Osama Bin Laden.
Al-Qaeda quer dizer "a base". Surgiu em 1988, na Arábia Saudita, e foi a primeira a internacionalizar o terror, criando uma rede com células espalhadas pelo mundo inteiro. Uma estrutura descentralizada que tem hoje cerca de 20 mil militantes.
Base de atuação do Talibã é Kandahar no Afeganistão
Quando a Al-Qaeda fez o maior atentado terrorista da história, em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, recebeu apoio do Talibã, o grupo radical que chegou a ser governo no Afeganistão entre 1996 a 2001, até que foi derrubada durante a campanha militar americana para encontrar Osama Bin Laden.
Hoje, a base de atuação do Talibã é Kandahar, no Afeganistão. O grupo mantém forte influência no país e também no noroeste do Paquistão. Onde mantém campos de treinamento de terroristas. O Talibã combate o governo do Afeganistão para voltar ao poder. Mas é só uma fração do que já foi no passado.
Estado Islâmico é o grupo terrorista que mais assusta hoje
O grupo terrorista que mais assusta hoje é o Estado Islâmico. Nos últimos três anos e meio, os extremistas se aproveitaram do vazio de poder criado pela guerra civil da Síria e tomaram grandes áreas, inclusive campos de petróleo que ajudam a financiar o terrorismo.
Hoje, o Estado Islâmico domina mais de 30% da Síria e avança sobre o Iraque, onde domina, por exemplo, Mossul, a segunda maior cidade do país.
Quando entra em um novo território, os terroristas do Estado Islâmico matam muçulmanos de outras denominações, escravizam as mulheres, e tentam converter os cristãos. Quem não aceita, é executado. Eles querem criar um califado, um poder central para mandar em todos os povos muçulmanos. E em nome disso, cometem barbaridades. Atos de selvageria divulgados como troféu nos vídeos que eles espalham na internet.
Homens desarmados são caçados como se fossem bichos, em alta velocidade. Os militantes fazem fuzilamentos em série. Matam dezenas de pessoas de uma só vez, a sangue frio. E escolhem vítimas para fazer execuções que provoquem a ira dos governos do Ocidente.
O jornalista norte-americano James Foley foi o primeiro a ser decapitado diante das câmeras do Estado Islâmico. Mas já foram muitos. E agora um novo vídeo mostra um menino que parece não passar dos dez anos, aparentemente, matando dois homens. Supostamente, espiões russos.
O Estado Islâmico montou um aparato militar bem equipado e financiado. Tem 200 mil homens com armamentos modernos, inclusive quatro aviões caça. E consegue resistir até aos ataques aéreos dos Estados Unidos.
Boko Haram pratica barbárie para criar um califado e apavora o mundo
Na África, um outro grupo que pratica barbárie para criar um califado apavora o mundo. A Nigéria tem reservas enormes de petróleo e por causa disso é a maior economia do continente. Mas o norte, onde vive a maioria dos 80 milhões de muçulmanos do país, é pobre demais. E é nesse vazio que entra o terrível Boko Haram.
O nome do grupo já anuncia o seu propósito. Boko Haram quer dizer "educação ocidental é pecado". Eles querem acabar com a influência do Ocidente e pra isso atacam escolas, sequestram estudantes, matam professores e destroem os prédios.
As leis do Boko Haram às comunidades com extrema violência. Qualquer comportamento que seja considerado anti-islâmico pode ser punido com a morte, sem julgamento.
O líder Abubakar Shekau anuncia: “Perigo, perigo, perigo”, diz ele em um vídeo.
O Boko Haram se espalha também por Chade, Níger e Camarões. Esta semana, a Anistia Internacional divulgou imagens feitas por satélite mostrando uma área arrasada no nordeste da Nigéria. Ativistas dizem que 2 mil morreram no massacre.
E em um vídeo, aparece novamente o chefe Abubakar Shekau espalhando a filosofia terrorista. O Boko Haram quer tomar um pedaço do norte da Nigéria para fazer no local um novo país. Um califado, onde só a lei islâmica seja possível. Eles têm muito em comum com o Estado Islâmico. Invadem cidades, matam ou expulsam os opositores. Controlam, segundo estimativas, 20% da Nigéria.
Em abril de 2014, eles invadiram a cidade de Chibok e sequestraram 276 meninas em uma escola. O mundo acompanhou em choque. E desde, então, os terroristas do Boko Haram se tornaram mais e mais violentos. É impossível saber ao certo, mas estima-se que eles já tenham matado mais de 7 mil pessoas.
Esta semana, promoveram mais três ataques suicidas com bombas. Meninas de dez anos foram obrigadas a carregar os explosivos.
Maioria dos muçulmanos não apoia os extremistas
Existem mais de 1,6 bilhão de muçulmanos no mundo, e basta conversar com eles para ter certeza de que a maioria não apoia os extremistas. A religião que é muito forte na Ásia, na África e no Oriente Médio ensina que eles devem ser justos, devem respeitar as outras religiões e, principalmente, ser bons perante Alá, o deus para quem eles rezam por cinco vezes ao dia. Mas quando a violência é praticada em nome da religião, analistas não têm a menor dúvida, o que entra em jogo é o poder. O alto proclamado Estado Islâmico, os talibãs, as Al-Qaedas, o Boko Haram, o que eles pretendem é derrubar governos e construir impérios, o que alguns chamam de califados. O que certamente não tem nada a ver com o que os muçulmanos entendem ser a mensagem de Deus.
Cientista político explica que terroristas querem recuperar o poder
“O islamismo é uma religião que evoca paz, que evoca a preservação da vida. Que evoca o direito inalienável da liberdade de expressão. Então, nós de uma maneira definitiva não podemos utilizar o termo islâmico ou Islã, ou islamismo pra atos que ferem os princípios do islamismo”, diz Ali Zoghbi, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil.
“A pretensão desses grupos extremistas é a reconstituição política desse califado e dessa hegemonia muçulmana sobre diversas terras, sonhando com o velho império muçulmano da Idade Média, que ia ali da Ásia central até a Espanha”, diz Márcio Scalercio, professor de Relações Internacionais.
Como explica o cientista político, os terroristas querem recuperar o poder que um dia os califas muçulmanos tiveram. E não é só uma volta aos tempos em que algumas religiões se confundiam com a tentativa de alguns povos de dominar o mundo. Os terroristas querem impor a lei da espada, querem um retrocesso ao que a humanidade tinha de mais bárbaro.
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)
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