O britânico Martin Plowde (à esq.) e o sueco Jonas Kihlstrom aproveitam para tentar fazer amizades - Renata Malkes
Multidão que invadiu o país para a Copa deixa torcida feminina hipnotizada dentro e fora dos estádios
POR RENATA MALKES E THAIS LOBO
20/06/2014 8:00 / ATUALIZADO 20/06/2014 12:38
POR RENATA MALKES E THAIS LOBO
20/06/2014 8:00 / ATUALIZADO 20/06/2014 12:38
RIO - Os argentinos
invadiram o Maracanã. Os mexicanos tomaram Fortaleza. Nas ruas de Manaus, o
idioma mais ouvido nas ruas era o inglês de sotaque britânico. A invasão é
generalizada: a Copa do Mundo trouxe ao Brasil milhares de turistas das mais
variadas nacionalidades e um gênero predominante — o masculino. E num país onde
o IBGE calcula em pelo menos 5 milhões o déficit de homens em relação ao número
de mulheres, a injeção extra de testosterona é comemorada pela torcida
feminina. Além de cobiçar os atletas dentro do campo, elas estão hipnotizadas
com o simples vaivém dos visitantes nas ruas e o aumento do número dos perfis
de estrangeiros em aplicativos de encontros na internet.
A gerente de comunicação Rosa Veloso, de 38 anos, diz que o Rio vive um momento raro em que as mulheres podem escolher facilmente novos parceiros. Moradora de Copacabana, ela aproveitou a tarde de quarta-feira para passear pelo calçadão com uma amiga. Em poucos quilômetros de caminhada, a dupla recebeu olhares e ouviu cantadas em todos os idiomas. Sem se importar com o romance fugaz, Rosa terminou a noite com um placar de dois a zero: um argelino e um americano.
— É motivo de comemoração! De repente, tem muito mais homens na cidade, mais bonitos e educados. Os gringos são mais gentis. Brasileiro quando passa uma cantada vem logo com uma palavra jocosa, uma malandragem... Chega a ser ofensivo — conta ela. — O clima na cidade está muito gostoso. Que venham mais turistas para as Olimpíadas!
A impressão da torcida feminina sobre a avalanche de homens não é equivocada. Embora a Polícia Federal não tenha dados sobre o gênero dos viajantes que chegaram para a Copa do Mundo, uma pesquisa do Ministério do Turismo garante: 83% dos visitantes são homens das classes média e alta. A conclusão é de um estudo feito em 2010, durante o Mundial da África do Sul, como parte dos preparativos para receber os turistas no Brasil de hoje. Os números mostraram, ainda, que 60% são solteiros; 45% têm entre 25 a 34 anos de idade; e pelo menos 54% concluíram o ensino superior.
Em Copacabana, sede da Fifa Fan Fest no Rio, e maior polo catalisador de visitantes na Zona Sul, os estrangeiros costumam andar pelo calçadão em grandes bandos e aos berros — em contraste com as meninas brasileiras, mais discretas. Elas andam em duplas ou trios de olho no movimento. Ou melhor, com um olho nos turistas e outro no Tinder, um popular aplicativo de buscas do par perfeito. A estudante de Direito Andreia São Thiago, de 31 anos, faz parte desse grupo:
— Eu estava conversando com um cara no Tinder com ajuda do Google Translator. Acabamos nos encontrando por acaso na Lapa, ele me reconheceu, mas a conversa não foi para frente porque eu não falo bem inglês. Acho que ele ficou decepcionado.
Apesar da oferta de estrangeiros atraentes, ela lembra que, em alguns quesitos, os brasileiros ainda dão uma goleada.
— Os gringos perdem pela dificuldade de comunicação em outro idioma e pelo fato de irem embora depois — diz, aos risos.
O início da Copa fez com que muitas usuárias brasileiras tirassem o aplicativo da geladeira. Influenciada pelas amigas, a advogada e produtora de eventos Gabriela Ramires, de 25 anos, também resolveu tentar a sorte no aplicativo e admite preferir os europeus aos latinos. Seu grupo também faz as vezes de cupido e, pelo celular, troca informações sobre a localização de “bons partidos”.
— Já teve amiga minha que não podia sair com um gringo e indicou um bar em Copacabana onde estavam outras amigas, mandando o alerta: ‘Tem gringo gato chegando na área’ — confidencia.
A gerente de comunicação Rosa Veloso, de 38 anos, diz que o Rio vive um momento raro em que as mulheres podem escolher facilmente novos parceiros. Moradora de Copacabana, ela aproveitou a tarde de quarta-feira para passear pelo calçadão com uma amiga. Em poucos quilômetros de caminhada, a dupla recebeu olhares e ouviu cantadas em todos os idiomas. Sem se importar com o romance fugaz, Rosa terminou a noite com um placar de dois a zero: um argelino e um americano.
— É motivo de comemoração! De repente, tem muito mais homens na cidade, mais bonitos e educados. Os gringos são mais gentis. Brasileiro quando passa uma cantada vem logo com uma palavra jocosa, uma malandragem... Chega a ser ofensivo — conta ela. — O clima na cidade está muito gostoso. Que venham mais turistas para as Olimpíadas!
A impressão da torcida feminina sobre a avalanche de homens não é equivocada. Embora a Polícia Federal não tenha dados sobre o gênero dos viajantes que chegaram para a Copa do Mundo, uma pesquisa do Ministério do Turismo garante: 83% dos visitantes são homens das classes média e alta. A conclusão é de um estudo feito em 2010, durante o Mundial da África do Sul, como parte dos preparativos para receber os turistas no Brasil de hoje. Os números mostraram, ainda, que 60% são solteiros; 45% têm entre 25 a 34 anos de idade; e pelo menos 54% concluíram o ensino superior.
Em Copacabana, sede da Fifa Fan Fest no Rio, e maior polo catalisador de visitantes na Zona Sul, os estrangeiros costumam andar pelo calçadão em grandes bandos e aos berros — em contraste com as meninas brasileiras, mais discretas. Elas andam em duplas ou trios de olho no movimento. Ou melhor, com um olho nos turistas e outro no Tinder, um popular aplicativo de buscas do par perfeito. A estudante de Direito Andreia São Thiago, de 31 anos, faz parte desse grupo:
— Eu estava conversando com um cara no Tinder com ajuda do Google Translator. Acabamos nos encontrando por acaso na Lapa, ele me reconheceu, mas a conversa não foi para frente porque eu não falo bem inglês. Acho que ele ficou decepcionado.
Apesar da oferta de estrangeiros atraentes, ela lembra que, em alguns quesitos, os brasileiros ainda dão uma goleada.
— Os gringos perdem pela dificuldade de comunicação em outro idioma e pelo fato de irem embora depois — diz, aos risos.
O início da Copa fez com que muitas usuárias brasileiras tirassem o aplicativo da geladeira. Influenciada pelas amigas, a advogada e produtora de eventos Gabriela Ramires, de 25 anos, também resolveu tentar a sorte no aplicativo e admite preferir os europeus aos latinos. Seu grupo também faz as vezes de cupido e, pelo celular, troca informações sobre a localização de “bons partidos”.
— Já teve amiga minha que não podia sair com um gringo e indicou um bar em Copacabana onde estavam outras amigas, mandando o alerta: ‘Tem gringo gato chegando na área’ — confidencia.
(*) Reportagem publicada na revista vespertina para tablets O Globo A Mais
Turistas movimentam o calçadão da Praia de Copacabana durante a Copa do Mundo - Custódio Coimbra / O Globo
A designer Carol Chang,
de 28 anos, foi rápida em notar a invasão de perfis estrangeiros no aplicativo
e criou a página “Tinder na Copa”, que reúne gringos considerados “gatos”. Em
São Paulo, ela e as amigas trocavam imagens dos estrangeiros que apareciam no
aplicativo até que surgiu a ideia de reunir os mais interessantes no Tumblr e,
desde então, aceita recomendações de perfis para serem incluídos na seleta
lista. Na copa da azaração, ela já aponta a seleção favorita.
— Ando recebendo muitas contribuições de australianos — afirma ela, que já saiu com um francês e um americano.
A ansiedade feminina se explica. Tanto o censo de 2010 quanto as checagens periódicas do IBGE comprovam que o Brasil tem mais mulheres do que homens. A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, indicou que, em 2012, 48,3% da população da região eram homens. As mulheres, maioria, representavam 51,7%. Mas a estudante de Nutrição Nathalia Rodrigues, de 20 anos, lembra que a invasão masculina não é garantia de sucesso.
— Eu uso o Tinder. Tem, sim, muito homem bonito, mas ainda não saí com nenhum. Ouvi dizer que, entre os gays, estão atacando pesado — suspira. — O Rio de Janeiro não está para os héteros.
A amiga dela, Clarice Carvalho, de 19 anos, discorda. E garante que não é necessário nem recorrer à tecnologia para se dar bem:
— Eu tenho namorado, estou aqui só passeando, mas o clima de paquera nas ruas é forte. No metrô, dois argentinos já vieram puxar papo. Eles são os mais assanhadinhos, chegam e nem olham para o rosto, já chegam olhando para o corpo todo!
Além dos celulares, o radar de solteiros e solteiras também está bem plugado no mundo real. E os visitantes já se deram conta disso. Quando se cansam de acompanhar os lances em campo pelo telão do Fifa Fan Fest, em Copacabana, o britânico Martin Plowde, de 24 anos, e o sueco Jonas Kihlstrom, de 26, aproveitam para tentar fazer amizades. Ou, quem sabe, conseguir algo além. Mais tímido, Martin diz que a barreira do idioma atrapalha a aproximação. Jonas, porém, parece não se importar. Antes de vir ao Rio, passou por Belo Horizonte e não teve problemas em ficar com uma menina que não falava uma palavra de inglês:
— Fui num bar, e as garotas atacavam. Elas apenas perguntavam: ‘Gringo? Speak English?’ e nos cercavam. Tenho dois amigos brasileiros em Belo Horizonte. Como eles haviam morado na Inglaterra, começaram a se passar por estrangeiros e a falar inglês. Foi impressionante! Conquistaram todas as meninas que queriam!
Se existe interesse, existe também disputa. Cercado por um grupo de amigos — e amigas — brasileiros que conhecera dez minutos antes no calçadão, o estudante australiano Todd Fitzgibbons, de 24 anos, admite: achava que teria um pouco mais de sorte com as cariocas. Também adepto do Tinder para conhecer possíveis parceiras, ele se queixou da concorrência.
— Aqui meu placar é zero a zero. Tem tantos gringos no Rio que está mais difícil chamar a atenção. Em São Paulo, consegui sair com uma brasileira e marcar um a zero — diverte-se, entre rodadas de whisky generosamente distribuídas em copinhos de plástico.
Antes que os brasileiros se queixem, há quem ainda aposte no produto nacional. Acompanhada das amigas Fernanda Borges, de 29 anos, e Monique Machado, de 22, a auxiliar administrativa Evelyn Cabral, de 23 anos, diz nunca ter visto tantos homens bonitos circulando pelo Rio. Solteiras, as três negam ter ido caçar corações estrangeiros solitários em Copacabana. Mas ressaltam que o processo seletivo é complicado.
— Olha, se aparecer um príncipe Harry por aí, estou livre. Apesar de ter muito homem bonito, brasileiro ainda é tudo, né?! Não tem gringo que bata um bom brasileiro — sentencia Monique, aos risos.
— Ando recebendo muitas contribuições de australianos — afirma ela, que já saiu com um francês e um americano.
A ansiedade feminina se explica. Tanto o censo de 2010 quanto as checagens periódicas do IBGE comprovam que o Brasil tem mais mulheres do que homens. A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, indicou que, em 2012, 48,3% da população da região eram homens. As mulheres, maioria, representavam 51,7%. Mas a estudante de Nutrição Nathalia Rodrigues, de 20 anos, lembra que a invasão masculina não é garantia de sucesso.
— Eu uso o Tinder. Tem, sim, muito homem bonito, mas ainda não saí com nenhum. Ouvi dizer que, entre os gays, estão atacando pesado — suspira. — O Rio de Janeiro não está para os héteros.
A amiga dela, Clarice Carvalho, de 19 anos, discorda. E garante que não é necessário nem recorrer à tecnologia para se dar bem:
— Eu tenho namorado, estou aqui só passeando, mas o clima de paquera nas ruas é forte. No metrô, dois argentinos já vieram puxar papo. Eles são os mais assanhadinhos, chegam e nem olham para o rosto, já chegam olhando para o corpo todo!
Além dos celulares, o radar de solteiros e solteiras também está bem plugado no mundo real. E os visitantes já se deram conta disso. Quando se cansam de acompanhar os lances em campo pelo telão do Fifa Fan Fest, em Copacabana, o britânico Martin Plowde, de 24 anos, e o sueco Jonas Kihlstrom, de 26, aproveitam para tentar fazer amizades. Ou, quem sabe, conseguir algo além. Mais tímido, Martin diz que a barreira do idioma atrapalha a aproximação. Jonas, porém, parece não se importar. Antes de vir ao Rio, passou por Belo Horizonte e não teve problemas em ficar com uma menina que não falava uma palavra de inglês:
— Fui num bar, e as garotas atacavam. Elas apenas perguntavam: ‘Gringo? Speak English?’ e nos cercavam. Tenho dois amigos brasileiros em Belo Horizonte. Como eles haviam morado na Inglaterra, começaram a se passar por estrangeiros e a falar inglês. Foi impressionante! Conquistaram todas as meninas que queriam!
Se existe interesse, existe também disputa. Cercado por um grupo de amigos — e amigas — brasileiros que conhecera dez minutos antes no calçadão, o estudante australiano Todd Fitzgibbons, de 24 anos, admite: achava que teria um pouco mais de sorte com as cariocas. Também adepto do Tinder para conhecer possíveis parceiras, ele se queixou da concorrência.
— Aqui meu placar é zero a zero. Tem tantos gringos no Rio que está mais difícil chamar a atenção. Em São Paulo, consegui sair com uma brasileira e marcar um a zero — diverte-se, entre rodadas de whisky generosamente distribuídas em copinhos de plástico.
Antes que os brasileiros se queixem, há quem ainda aposte no produto nacional. Acompanhada das amigas Fernanda Borges, de 29 anos, e Monique Machado, de 22, a auxiliar administrativa Evelyn Cabral, de 23 anos, diz nunca ter visto tantos homens bonitos circulando pelo Rio. Solteiras, as três negam ter ido caçar corações estrangeiros solitários em Copacabana. Mas ressaltam que o processo seletivo é complicado.
— Olha, se aparecer um príncipe Harry por aí, estou livre. Apesar de ter muito homem bonito, brasileiro ainda é tudo, né?! Não tem gringo que bata um bom brasileiro — sentencia Monique, aos risos.
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Osvaldo Aires Bade Comentários
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