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A mídia brasileira obteve um informe secreto da Agência Brasileira de Inteligência, ABIN, de acordo com o qual os serviços secretos deste país vigiaram diplomatas da Rússia, do Irã e do Iraque.
No período de 2003 a 2004, foram vigiadas as representações diplomáticas e as residências dos diplomatas. Entre os russos que estiveram sob a vigilância dos serviços secretos pode-se mencionar o ex-cônsul-geral no Rio de Janeiro e os representantes da agência russa Rosoboronexport. Os serviços de inteligência brasileiros afirmam que as diligências de contraespionagem foram realizadas no quadro de leis brasileiras sobre a defesa dos interesses nacionais, que a divulgação de informações secretas é crime e que os responsáveis pela entrega destas informações à imprensa serão processados.
É preciso apontar que a mídia brasileira obteve esta informação nos jornais norte-americanos The Washington Post e The New York Times. Este é o primeiro aspeto. Em segundo lugar, pode-se afirmar que a espionagem, como tal, não teve lugar: os brasileiros não recolhiam informações secretas mas apenas exerciam controle sobre o deslocamento de diplomatas russos. E, em terceiro lugar, se esta vigilância teve mesmo lugar, já é uma coisa do passado remoto. Aliás, é preciso chamar a atenção para o fato de que a vigilância ou monitoração começaram quando o Brasil tinha anunciado a licitação para a aquisição de 35 caças para a sua Força Aérea. Inicialmente, a Rússia participava da licitação juntamente com a França, EUA e Suécia mas, mais tarde, retirou a sua proposta. A transação não foi feita até hoje. Eis a informação do nosso correspondente no Brasil Alexander Krasnov.
"Segundo os relatórios elaborados pelo departamento de operações de inteligência da ABIN, os diplomatas russos envolvidos em negociações de equipamentos militares foram fotografados e seguidos em suas viagens. Também foram submetidos aos mesmos processos de vigilância funcionários da embaixada do Irã e do Iraque, todos foram monitorados em seus deslocamentos a pé e em viaturas e até mesmo em suas residências. Na matéria, o jornal informa que a Folha de São Paulo entrevistou militares da área de inteligência, agentes e ex-funcionários e ex-dirigentes da ABIN nas últimas duas semanas, para confirmar a veracidade dos conteúdos dos documentos e que alguns destes entrevistados participaram de algumas dessas ações. O órgão responsável pela atuação da ABIN, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, confirmou a efetuação dessas ações mas frisou que elas foram realizadas nos exatos limites da legislação brasileira. O Governo Federal definiu essas ações como operações de contra-inteligência com o objetivo de proteger segredos de interesse do Estado brasileiro."
A operação, cujo codinome era "Miucha", foi realizada pela ABIN em 2003 contra o cônsul-geral russo no Rio de Janeiro, Anatoli Kashuba, que tinha deixado o país naquele mesmo ano, e contra os representantes da agência Rosoboronexport. Os serviços secretos do Brasil desconfiavam que os diplomatas russos praticassem a espionagem. Mas não houve nenhuma acusação concreta, nem notas de protesto.
Ficou sob suspeita também o cônsul honorário da Rússia em Porto Alegre, Fernando Sampaio. "Sim, sou um agente russo mas um agente oficial", - comentou ele ironicamente na entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Falando a propósito, o senhor Sampaio é presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, que fez muito para o crescimento do intercâmbio comercial entre os dois países.
Uma outra série de histórias de espionagem acaba de ser tornada pública, no pano de fundo do seriado iniciado pelo antigo agente americano Edward Snowden, que publicou nos jornais informações sobre a espionagem eletrônica praticada contra os chefes de governo do Brasil, da Alemanha, França e dos outros países. A iniciativa conjunta do Brasil e da Alemanha sobre a proibição da vigilância na internet agora está sendo examinada na ONU. A presidente do Brasil Dilma Rousseff adiou a sua visita oficial aos EUA. Este foi, provavelmente, o único passo dado em resposta à atividade de espionagem.
As operações descritas no informe da Agência Brasileira de Inteligência, são mais do que modestas em comparação com a envergadura da penetração da Agência de Segurança Nacional dos EUA nas redes eletrônicas do Brasil, Espanha ou França. Ainda assim, o documento mostra que, apesar do que a retórica da presidente poderia sugerir, o governo brasileiro também não hesita em mobilizar seu braço de espionagem contra outros países quando identifica ameaças aos interesses brasileiros.
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