sábado, 1 de setembro de 2012

Imigrantes, ilegais ou não, vivem insegurança em Pequim

01/09/2012 08:00 | Por Tamara Gil, da Efe

Alguns decidiram deixar o mais rápido possível seu escritório perante a chegada da Polícia ou inclusive abandonar o país. Outros não foram diretamente afetados, mas todos têm algo para contar sobre a campanha de procura do imigrante ilegal lançada em Pequim que terminou no dia 15 de agosto, após três meses nos quais muitos moradores reconhecem ter sentido "insegurança e incerteza".

Efe

O anúncio da nova medida correu como pólvora entre a comunidade de estrangeiros após o e-mail enviado em maio pelos respectivos consulados em Pequim, informando da decisão do Governo municipal e pedindo a todos os estrangeiros que carregassem 'o tempo todo' seu passaporte e permissão de residência.
Não era para menos. Durante cem dias a vigilância policial seria aumentada nas áreas da capital habitadas por mais estrangeiros, com o objetivo de encontrar aqueles que 'entram, moram ou trabalham de forma ilegal no país', segundo o anúncio oficial.
O Governo da cidade justificou a medida pelo aumento do número de estrangeiros em suas ruas. Atualmente, 200 mil cidadãos não chineses convivem na cidade diariamente, entre residentes e locais, e disparou o alarme da Polícia perante a existência de 'ilegais' que cometem 'infrações ou crimes menores'.
Também se referiu ao número de estrangeiros irregulares registrado em 2011 na capital, até 20 mil pessoas cuja permissão de entrada no país, de residência ou de trabalho, incorria 'na ilegalidade'.
Situação oficialmente irregular
'O que fazem é pegar seus papéis pessoais e eles o contratam para eles mesmos, embora na realidade você trabalhe para outros', explica Sabrina Dal Pont, argentina de nascimento.
A causa da ilegalidade de muitas empresas do gigante asiático é explicada por Javier, de 29 anos: 'As que se registram na China pagam um monte de impostos e por isso a maioria não está estabelecida oficialmente na China continental. Nem declara seus trabalhadores estrangeiros, que por sua vez têm que pagar ao país 25% de seu salário'.
Javier é um dos que mais foi prejudicado quando chegou a Pequim, segundo relata. 'Iniciou-se a campanha, eu tinha visto de turista porque minha empresa não podia me contratar na China e, esperando poder fazê-lo através dessas agências, a Polícia se apresentou em minha casa, levou a minha colega de apartamento para a delegacia e a interrogaram, até que chegou o caseiro que mentiu para me defender', conta por telefone o jovem, que não quer dar mais detalhes de sua identidade depois do ocorrido.
Por exemplo, é o caso dos espanhóis, cujo número, aproximadamente, chega a 3.000 na cidade chinesa - embora no registro consular só estejam inscritos 800 -, nem todos se encontram em situação regular, mas não porque não queiram.

Efe
Sabrina dal Pont, em sua escola infantil de Pequim
'Trabalhava para um estúdio que não tem sede na China, mas em Hong Kong. Com isso, não podiam me declarar como empregado. Meu visto era de trabalho, mas não estava vinculado a essa empresa'.
Nessa situação oficialmente irregular - os vistos na China têm que estar ligados à empresa na qual se trabalha - é na qual se encontrava Gaspar González quando a campanha foi anunciada. Este arquiteto de 25 anos - que saiu de Madri para o país asiático com um contrato debaixo do braço, e que no momento do anúncio do Governo de Pequim sua documentação estava expirando - sentiu 'medo', segundo reconhece à Agência Efe.
Gaspar tentou recorrer ao sistema 'extraoficial' utilizado pela maioria dos estrangeiros que trabalha para empresas que não declaram seus funcionários na China, por causa dos 'altos impostos' que devem pagar: as chamadas agências de vistos. 'Todo mundo lhe diz que você vai lá para conseguir seu visto de trabalho, com pagamento antecipado'.
A campanha - destaca Sabrina, que trabalha como professora em um centro pré-escolar em Pequim - pôs em evidência a 'insegurança' das agências, 'das quais lhe falam ao chegar à China e que seu próprio empregador lhe recomenda', critica.
'Um dia dizem para você que vá embora, que a Polícia vai no seu trabalho. O que falaremos? Você está em uma espécie de limbo no qual não sabe o que fazer se o visto caducar. Muita desinformação e muita confusão', explica.
Quando Javier, Gaspar e Sabrina foram à agência que lhes recomendaram, estava fechada. 'Com a campanha, deixaram de funcionar', explica Sabrina, que, como Gaspar e Javier, não teve outra alternativa a não ser sair do país para conseguir as permissões, embora como turista.
Sem pensar, os três, separadamente, voaram para a região autônoma de Hong Kong, a saída 'mais fácil e próxima' à qual Sabrina, em seu caso, teve que se deslocar duas vezes.
'Revistam empresas totalmente legais'
'A primeira vez me deram um visto de turista de 15 dias e me vi em apuros. É quando passei pelo pior', confessa à Efe a profissional de tradução e interpretação, que chegou a Pequim em janeiro e que viu a solução após viver uma situação crítica.
'Quando volto de Hong Kong com um visto de turista para 15 dias, continuo trabalhando e a Polícia se apresenta um dia em minha escola, há uma batida e me interrogam. Tive que mentir e dizer que era meu dia de prova no colégio', conta Sabrina.
Efe
O arquiteto madrileno Gaspar González Melero
'Essa situação fez com que o colégio tomasse a decisão de declarar alguns dos professores estrangeiros que trabalhavam ali. Todos estavam deixando o trabalho e alguns, inclusive, o país, por não ter as permissões', continua.
A argentina lembra o livro de George Orwell '1984' para descrever sua cena junto aos agentes, na qual se deu conta da quantidade de informação que já tinham sobre ela e seu namorado, que veio a Pequim antes dela com uma bolsa de estudos do Instituto Valenciano de Exportação.
A insegurança e incerteza de Sabrina também é compartilhada por Andrés López, de La Coruña (Galícia, norte da Espanha), que já está há três anos percorrendo as ruas de Pequim com uma estabilidade que se viu truncada com a campanha: 'O fato de a Polícia revistar as empresas não tornou a situação cômoda'.
Andrés é funcionário de uma empresa não constituída na China e também teve muitos problemas para renovar sua permissão, coincidindo com o lançamento da nova medida que, na sua opinião, se justificou oficialmente por motivos que não 'foram certos'.
'Foi dito que era para controlar negócios ilegais, mas afinal de contas revistam empresas totalmente legais que não têm nada a ver com as atividades delitivas que mencionam', opina Andrés.
Nestes três meses, no entanto, também houve pessoas às quais a campanha não lhes afetou diretamente. É o caso de Laura León, cuja empresa de recursos humanos lhe proporcionou todos os documentos necessários para conseguir seu visto desde que pôs os pés na China há dois anos.
'Não me afetou de nenhuma maneira. Mas vi em uma das áreas onde se movimentam mais estrangeiros que cerca de 20 policiais entraram em um restaurante e pediram o passaporte de todo estrangeiro que estava jantando lá', explica Laura, de 29 anos.
Esta espanhola confessa que esperava alguma medida parecida devido à quantidade de gente que o país asiático está recebendo e que 'de alguma forma' tem que controlar.
Ao contrário dos espanhóis, a campanha não afetou de modo especial a comunidade latino-americana, que, em sua maioria, se divide entre estudantes, homens e mulheres de negócios.

Efe
Laura León, em seu local de trabalho
Uma medida com tons políticos
'Para mim, não existiu. Acho que esteve mais focada na comunidade africana', opina Haider Balen, um colombiano especialista em engenharia, com o qual concorda o peruano Francisco Su, dedicado ao mundo editorial, e o cubano William, trabalhador da delegação de seu país na capital.
'Não conheço ninguém a quem tenham pedido a documentação. A imprensa chinesa criou uma espécie de paranoia', explica o jornalista argentino Pablo Morales.
Esta atenção da mídia e da sociedade à campanha é destacada pelos espanhóis Andrés, Laura e a professora de inglês Sabrina Dal Pont, para denunciar o tom político da medida, lançada a poucos meses da mudança de Governo na China.
'Fazem isso para distrair a população, centrar os problemas nos estrangeiros durante um tempo', denunciam. A princípio, alguns meios de imprensa oficiais relacionaram o lançamento da campanha de 'limpeza' do estrangeiro ilegal com um vídeo que, dias antes, tinha sido divulgado pela internet, e no qual um estrangeiro supostamente tentava estuprar uma jovem chinesa.
O vídeo - que algumas fontes dizer ser uma montagem - criou indignação da população e, junto à medida posterior, levantou múltiplos comentários xenófobos na principal rede social do país, a Weibo (parecido com o Twitter).
No entanto, nas ruas, as opiniões não são tão extremas. 'Não acho que os estrangeiros sejam ruins, há piores e melhores, mas acho que os chineses se mostram mais reticentes por não entendê-los', comentou uma jovem de Pequim, professora de chinês e inglês na capital, acostumada a tratar com estrangeiros.
'Alguns chegam com uma atitude de superioridade. E os chineses podem vê-los como uma ameaça para determinados postos de trabalho', assinalou um taxista procedente de uma província perto de Pequim.
Andrés concorda no ponto de vista do motorista chinês, e acredita que 'é normal o medo' de uma classe média, explica, 'que está se formando e quer chegar a alguns objetivos que, às vezes, podem ver que estão ameaçados pelos imigrantes'.
Este jovem de La Coruña está convencido de que a campanha não fez com que a população sinta 'mais rejeição' aos estrangeiros, uma visão também compartilhada por Sabrina e Laura, que acham que a discriminação em Pequim está no mesmo nível de 'qualquer cidade grande'.
Apesar disso, todos concordam em ressaltar as dificuldades da barreira idiomática e cultural que separa os estrangeiros dos locais. 'É uma cultura muito diferente. Não há porque entendê-la, mas sim aceitá-la', comenta Sabrina, na mesma linha de Laura e Andrés, que destacam que em Pequim os estrangeiros vivem 'em uma bolha'.
Um ambiente no qual todos eles, por enquanto, planejam ficar uma temporada mais, com um objetivo claro: aprender o idioma mandarim e passar do nível 'de sobrevivência' para um que lhes permita ser mais independentes em seu dia a dia.



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