Israel renova pressão por linha vermelha e sanções ao Irã
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Atualizado: 27/09/2012 22:42 |
BBC Brasil
"Getty"
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, usou seu discurso na Assembleia Geral da ONU, nesta quinta-feira, para voltar a pressionar por uma 'linha vermelha' de limite ao programa nuclear iraniano e por mais sanções ao país persa.
Em uma fala vista como 'teatral', pouco convencional e que virou viral nas redes sociais, Netahyahu chegou a apresentar à plateia o desenho de uma bomba no qual riscou uma linha vermelha, indicando, segundo ele, o estágio do qual o Irã estaria se aproximando.
O desenho visava mostrar que, em algum ponto do ano que vem, o Irã supostamente terá urânio enriquecido suficiente para fabricar uma bomba atômica e que a única forma de impedir isso é impondo um limite ao programa iraniano.
'Acho que, diante de uma linha vermelha clara, o Irã recuará. E isso dará mais tempo para sanções e para a diplomacia convencer o país a desmontar seu programa de armas nucleares', afirmou o premiê israelense. 'Linhas vermelhas não levam à guerra, linhas vermelhas evitam a guerra.'
Oficialmente, o Irã nega que seu programa nuclear busque a construção da bomba e afirma que este tem apenas fins energéticos e medicinais. Mas Israel sente-se ameaçado pelo programa iraniano e afirma que o país persa está perto da bomba. Nos últimos meses, especulou-se que Israel estaria planejando atacar instalações nucleares iranianas.
Para alguns analistas, o fato de Israel ter pressionado pela imposição de uma 'linha vermelha' até o ano que vem demonstra que o país estaria disposto a alvejar o Irã após essa data; outros, porém, destacaram que Netanyahu frisou 'sanções e diplomacia' em sua fala.
'Para os que se alarmavam com a perspectiva de um potencial ataque israelense contra o Irã, houve algum alento na fala de Netanyahu', opinou o analista diplomático da BBC Jonathan Marcus. 'Ele parece acreditar que ainda há tempo para conter o Irã com sanções e pela via diplomática.'
Persuasão
O discurso de Netanyahu na ONU ocorreu no mesmo dia em que o jornal israelense Haaretz divulgou um relatório interno da Chancelaria de Israel pedindo por uma nova rodada de sanções contra o Irã.
Segundo o relatório, as restrições econômicas internacionais já em vigor têm tido um profundo efeito na economia do país persa e podem até desestabilizar o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. No entanto, seriam insuficientes para persuadir Teerã a suspender suas atividades nucleares.
Na avaliação do jornal The New York Times, o relatório confirma que Israel admite haver tempo e chance de conter as ambições nucleares do Irã por outros meios que não o militar.
Ao mesmo tempo, o correspondente da BBC James Robbins explica que o objetivo do discurso de Netanyahu nesta quinta era convencer o presidente Barack Obama de que os EUA devem estar preparados para atacar as usinas nucleares iranianas até o prazo máximo estabelecido pelo premiê israelense, ou mesmo antes disso. O argumento é de que seria muito arriscado deixar essa decisão para quando o Irã estiver mais perto da bomba.
No entanto, o governo americano tem rejeitado até o momento o estabelecimento de 'linhas vermelhas'. E, se estabelecesse esse limite, possivelmente não seguiria o calendário de Netanyahu.
O premiê israelense, ainda assim, fez referências positivas a Obama em seu discurso, agradecendo o fato de o presidente americano ter dito, na véspera, em seu próprio discurso perante a ONU, que fará 'tudo em seu poder' para impedir que o Irã obtenha a bomba.
'Talvez seja a percepção de que a antipatia entre os dois líderes (Netanyahu e Obama) estava tomando proporções danosas', opina Jonathan Marcus. 'E um indicativo de que, ainda que prefira o candidato republicano à Presidência dos EUA, Mitt Romney, Netanyahu está se preparando para uma possível reeleição de Obama.'
Palestinos
Netanuahy pouco falou sobre o conflito israelense-palestino em seu discurso - evidência de que o estacionado diálogo bilateral de paz segue ofuscado pela questão iraniana e pelos demais conflitos derivados da Primavera Árabe.
Antes de Netanyahu, porém, falou perante a ONU o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Ele criticou o que chamou de 'política de privação e limpeza étnica' promovida por Israel contra os palestinos. Disse falar 'em nome de um povo raivoso' e que anseia por mudanças.
Abbas defendeu a solução de dois Estados, afirmando que que 'dois povos devem coexistir, cada qual com seu Estado, na Terra Santa'.
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