sexta-feira, abril 08, 2016 Por Wilson Roberto Vieira Ferreira
Eles vieram do Brasil Profundo! Vamos listar alguns desses exemplares:
Espécime 1 – Nome: Ju Isen. Modelo anônima, famosa por tirar a roupa em uma das
manifestações Anti-Dilma na Avenida Paulista em São Paulo, tentou repetir a
dose como destaque no desfile da Unidos do Peruche e foi expulsa do Sambódromo.
Outras modelos desconhecidas tentaram seguir o exemplo em outro protesto da
mesma avenida de São Paulo, seminuas e segurando cartazes anti-PT ostentando
enormes óculos de marca. Uma se excedeu ao ficar totalmente nua e foi levada
presa pela Polícia Militar.
Espécime 2 – Nome: Junior de França. Ajuda a organizar o acampamento de
manifestantes pró-impeachment em frente ao prédio da Fiesp em São Paulo. Às
vezes se passa por jornalista, outras vezes por ator, mas na verdade recruta
homens e mulheres para participar de feiras. É acusado de estelionato e de
tentar fazer sexo com modelos, segundo matérias na TV Record e no Portal R7 – clique
aqui.
Espécime 3 – Nome: Douglas Kirchner. Transformado em personagem nacional
atuando em parceria com a revista Época no vazamento de denúncias contra Lula,
o procurador do Ministério Público Federal Douglas Kirchner tem uma controversa
militância religiosa e uma conturbada vida amorosa. Fiel de uma seita
denunciada por explorar crianças e adolescentes, foi acusado de agredir
fisicamente a esposa e mantê-la em cárcere privado no interior de uma das
igrejas da seita. Ministra o seminário “Casamento Gay e Marxismo Cultural” onde
ataca a igualdade de sexos e defende que o feminismo é um “ideal agnóstico das
esquerdas” – sobre a história desse espécime clique
aqui.
Espécime 4 – Nome: Janaina Paschoal. Assustando até os apoiadores do
impeachment da presidenta Dilma, numa performance resultante do cruzamento de
Death Metal com o desempenho da atriz Linda Blair no filme O Exorcista, a
professora de Direito Janaina Paschoal fez um discurso em ato de apoio ao
impeachment na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco em São Paulo.
Transtornada e transfigurada fez alusões ao poder de uma “cobra” que mantém o
país no “cativeiro de almas e mentes”. “Acabou a República da Cobra!”, gritava
ensandecida em um discurso que lembrava um bispo evangélico fora do controle.
Esqueça os folclóricos tipos urbanos
produzidos pela recente onda do neoconservadorismo político e cultural como,
por exemplo, os coxinhas, coxinhas 2.0, simples descolados etc. Esses tipos
ainda são de um “Brasil Renitente”. Com o baixo astral generalizado posto em
prática pela grande mídia, a pesada atmosfera psíquica nacional revela agora
novos espécimes, dessa vez de um “Brasil Profundo”: retrofascistas e
protofascistas, tipos-ideais mais perigosos e beligerantes: pequenos escroques,
acadêmicos e intelectuais obscuros, músicos que fizeram sucesso no passado e
que foram esquecidos, ex-anônimos que confundem militância profissional com
fundamentalismo religioso e oportunistas de toda sorte. Todos, ao mesmo tempo,
parecem ter sido resgatados do ostracismo e infernos pessoais graças à
incansável atividade da grande mídia em produzir novos personagens que
sustentem suas pautas.
Depois desses tempos de neoconservadorismo político e cultural nos brindar com uma rica fauna urbana composta por coxinhas, coxinhas 2.0, novos tradicionalistas, simples descolados, “rinocerontes” etc. (sobre esses tipos urbanos clique aqui, aqui e aqui), a pesada atmosfera psíquica que baixou no País, decorrente da polarização política e da intensa atividade do contínuo midiático para gerar baixo astral, produziu o habitat perfeito para novos e exóticos espécimes.
Depois desses tempos de neoconservadorismo político e cultural nos brindar com uma rica fauna urbana composta por coxinhas, coxinhas 2.0, novos tradicionalistas, simples descolados, “rinocerontes” etc. (sobre esses tipos urbanos clique aqui, aqui e aqui), a pesada atmosfera psíquica que baixou no País, decorrente da polarização política e da intensa atividade do contínuo midiático para gerar baixo astral, produziu o habitat perfeito para novos e exóticos espécimes.
“De onde vem essa gente?”
Como perguntou certa vez o Homem-Aranha,
cansado depois de enfrentar o Monstro de Areia e o Venon: “de onde vem toda
essa gente?”.
Pequenos escroques, acadêmicos e
intelectuais obscuros, músicos que fizeram sucesso no passado e que foram
esquecidos, ex-anônimos que confundem militância profissional com
fundamentalismo religioso e oportunistas de toda sorte.
Todos de repente parecem ter sido
resgatados, todos ao mesmo tempo, de seus ostracismos, infernos e limbos
pessoais para serem reciclados, ressignificados pela grande mídia e se tornarem
a esperança de um futuro melhor – ou uma “ponte para o futuro”, bordão que
subliminarmente vem repetindo a todo momento, em alusão ao documento do PMDB
divulgado como proposta para um futuro governo pós-impeachment.
Em toda a crise política, talvez a melhor
contribuição dada pela grande mídia foi a de trazer à tona esses personagens do
Brasil Profundo, pescados nas águas turvas de uma conturbada psicologia de
massas.
Uma verdadeira contribuição no campo da
Etnografia e da Antropologia Urbana: ressuscitar espécimes que estavam em
estado latente, hibernos, apenas esperando a atmosfera ideal para que voltassem
a respirar em plenos pulmões. Espécimes redivivos que agora podemos finalmente
ter a oportunidade de estuda-losin loco.
Nizan Guanaes: "Preciso de uma Dona Flor"
Ego embrutecido
“Quem é duro consigo mesmo, também é com
os demais”, dizia o sociólogo Theodor Adorno na sua célebre fórmula do
psiquismo do nazi-fascismo. Certamente esta fórmula poderia ser aplicada nesse
estudo dos espécimes do Brasil Profundo.
Em comum, todos eles vieram do
esquecimento e obscurantismo. São pessoas apegadas aos valores da meritocracia
e competição, o que mais torna essa condição de anonimato em profunda
frustração de um ideal de ego também atormentado por um profundo ressentimento.
Ju Isen busca a oportunidade que lhe
proporcione, pelo menos, a condição de sub-celebridade; Kirchner, o típico
concurseiro de editais públicos, espécime que massacra o próprio psiquismo em
busca da aprovação – após a vitória, com o ego tão embrutecido e encouraçado,
torna-se frio, indiferente em diversos graus, como, por exemplo, no
conservadorismo político e de costumes.
Brasil Renitente e
Brasil Profundo
Por “Brasil Profundo”
não estamos nos referindo a uma referência geográfica como um “interior” ou
“periferia”. Mas como o ponto mais profundo de um inconsciente coletivo ou
“sombra”, no sentido dado pela psicanálise junguiana.
Muito mais profundo do
que o imaginário da “Casa Grande e Senzala” de um país ainda marcado pelos
signos de distinção de classes (elevador social, uniformes de empregadas
domésticas etc.), marcas de uma antiga ordem escravocrata. Onde até mesmo um
publicitário como Nizan Guanaes (Publicidade, símbolo de uma suposta
modernidade brasileira) é capaz de revelar esses velhos estereótipos em sua
coluna na Folha, reclamando sobre o fim das empregadas domésticas: “Preciso de
uma Dona Flor, mas que não precisa ter o corpo da Sônia Braga – precisa é
cozinhar”, explicou. – Folha, 16/11/2011.
Esse não é ainda o
Brasil Profundo, é o Brasil Renitente.
Janaina Paschoal, com
seu ego igualmente embrutecido em um meio tão competitivo e masculinizado como
o campo do Direito; e Júnior de França, oportunista de ocasião no mundo das
sub-celebridades que vivem a fama como farsa.
Ressuscitados do seu
estado de torpor pela eletricidade das mídias, descobriram que tinham nas mãos
uma hiper-tecnologia: redes sociais e dispositivos móveis para poderem
amplificar em tempo real seu ódio e ressentimento.
Retrofascismo
Como alertava o
sociólogo canadense Arthur Kroker no final do século passado, o futuro seria do
“retrofascismo”: uma situação ambivalente de hiper-tecnologia e primitivismo.
Kroker dizia que “o fascismo é a revoltados derrotados”. A vida dirigida pelo
ódio de si mesmo (o ressentimento pelo ostracismo e obscurantismo) vingando-se
através da destruição do outro - leia KROKER, Arthur.Data Trash, New York:
Saint Martin's Press, 1994.
Como nos informa o
prefixo “retro”, esses espécimes protofascistas são nostálgicos de um passado
de pureza onde supostamente haveria lei e ordem. Nos nazifascistas do trágico
passado, a pureza da raça em um Idade do Ouro; nos retrofascistas, a ordem
militar que nos mantinha seguros de feministas, gays e comunistas - sobre o
conceito de retrofascismo clique
aqui.
Brasil Profundo e Neodesenvolvimentismo
Ao contrário do Brasil Renitente, o Brasil
Profundo foi parido nessa última década. A inclusão de milhões de brasileiros à
sociedade através do consumo (que o economicismo e neodesenvolvimentismo faziam
o PT acreditar que por si só geraria consciência política e de cidadania) na
verdade produziu um perverso efeito inverso: despolitização por meio da
percepção de que qualquer direito seria um oportunista substituto do mérito e
do trabalho.
Estado policial e militarismo é a
atmosfera ideal para esses espécimes protofascistas – a oportunidade de
destruir o outro mandando à favas todas as formas de direitos e garantias
sociais. Destruir todos esses preguiçosos corruptos que vivem à sombra do Estado
com bolsas famílias e créditos educativos.
A ironia é que esses espécimes são
perdedores na corrida meritocrática: concurseiros que se mataram em concursos
públicos para conseguirem estabilidade dentro de um Estado tão odiado, pequenos
escroques, oportunistas intelectuais e acadêmicos condenados à própria
mediocridade, além de roqueiros esquecidos pelo mercado.
Ressuscitados por uma grande mídia ávida
por novos personagens que deem sustentação às suas pautas, sentem na nova atmosfera
a chance de vingar no outro a dureza com que tratam a si mesmos.
Fora de suas tocas onde se mantiveram
hibernos, hoje esperam uma tradução política para, mais uma vez na História,
ocuparem o Estado.
COMENTÁRIOS DO BLOG:
Texto de um comunista incorrigível?
Caro Sr. Osvaldo Aires. O Sr. reproduz sem autorização postagem do blog Cinegnose (e ainda incompleta) com um título com adjetivação (ou acusação de "comunista incorrigível"). Sem link ou fonte de onde foi "past and cut" retirado o texto à revelia desse autor. Peço que o Sr. retire essa colagem do Cinegnose desse blog ou devidas medidas serão tomadas em esferas judiciais. Ou coloque o texto na íntegra sem a pecha que o Sr. pretende acusar o autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBom, aqui não tem socialização portanto quem decide aqui sou eu.
ExcluirDepois eu vejo o que vou fazer.
Isso é o que da seguir uma ideologia medonha fica bem estranho a coisa toda.
Não tem Lé com cré.
.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPor Wilson Roberto Vieira Ferreira 10 de abril de 2016 00:31 Perfil: https://www.blogger.com/profile/09200475013624460275
ResponderExcluirCaro Sr. Osvaldo Aires. O Sr. reproduz sem autorização postagem do blog Cinegnose (e ainda incompleta) com um título com adjetivação (ou acusação de "comunista incorrigível"). Sem link ou fonte de onde foi "past and cut" retirado o texto à revelia desse autor. Peço que o Sr. retire essa colagem do Cinegnose desse blog ou devidas medidas serão tomadas em esferas judiciais. Ou coloque o texto na íntegra sem a pecha que o Sr. pretende acusar o autor.
COMENTÁRIO DO BLOG
Pronto, agora está eternizado o teu comentário Sr. Wilson Roberto Vieira Ferreira.
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