segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O JOGO DA IMITAÇÃO




Alan Mathison Turing, matemático, lógico, criptoanalista e cientista britânico é considerado um dos precursores da invenção dos computadores. Durante a 2ª Guerra Mundial foi convocado a desvendar o segredo da senha Enigma do nazismo, responsável por missões bélicas fatais a navios aliados. Muitos foram céticos diante das investidas minuciosas e demoradas de Turing, mas ele conseguiu decodificar o Enigma e isto foi considerado como um fator importante no avanço inglês contra os alemães. É o que diz a História e acrescenta o fato de um processo contra esse inventor quando foi revelada a sua homossexualidade (opção proibida pelas leis inglesas por décadas). 

O filme “Jogo da Imitação” (Imitation Game, UK, EUA,2014) biografa o personagem de forma tradicional, seguindo a linha narrativa de muitas cinebiografias como as de Zola, Pasteur, Marie Curie, Gaham Bell etc. Isto vale dizer que o filme é intrinsecamente popular, ganhando a simpatia da indústria e certamente uma das causas de estar concorrendo a 5 Oscar, inclusive os de melhor filme, diretor, ator e roteiro, Um fator salta bem forte no sucesso de “Jogo...”: o desempenho de Benedict Cumberbatch. 

O ator já é veterano, com 50 filmes no currículo (incluindo-se séries de TV), mas sempre em papeis secundários. Agora ele se dedica ao protagonismo do técnico que se propõe a desvendar um grande mistério que pode decidir a guerra (embora se saiba que, historicamente, o fato não é bem assim e houve mudanças na senha alemã depois de decifrado o Enigma pelos ingleses), e repassa muito bem o preconceito que se apresentou à sua pessoa quando revelada a sua homossexualidade, chegando a ser indiciado e quase preso pela policia inglesa (só não foi por optar pelo “tratamento hormonal”, usado como um meio de mudar a preferencia sexual do ser humano, uma aberração que chegou a ser pensada em outros países e épocas inclusive aqui no Brasil há poucos meses).
 
Alan Turing suicidou-se, embora o fato ainda esteja sendo contestado. O desempenho do ator é um dos fatores que dinamizam o filme. E o roteiro de Graham Moore com base no livro de Andrew Hodges deixa campo para a narrativa artesanalmente correta do norueguês Morten Tyldun. Quem nunca ouviu falar do personagem, nem o coloca entre os inventores do computador, ganha a informação romântica de um homem inteligente e persistente no seu trabalho que chega a pedir em casamento uma assistente do projeto em que atua, mesmo sabendo de sua inclinação homoafetiva (e a narrativa deixa espaços de flashback revelando isso), como motivação para que ela permaneça na sua equipe de trabalho. 

O filme delineia os tipos de forma que se pode chamar de tradicional em cinebiografias. O comandante Denniston com desempenho do veterano ator Charles Dance é visto como um homem intolerante que expõe a todo o momento sua antipatia por Alan, o contratado para desvendar o segredo da senha Enigma e afinal ganhando a confiança do ministro Winston Churchill a quem se dirige quando as porta para seus inventos permanecem fechadas. Keira Knightley, veterana de 52 títulos incluindo-se o romance baseado em Jane Austen (“Orgulho e Preconceito”) acomoda-se na figura da jovem Joan Clarke, mulher inteligente que busca um marido no companheiro de trabalho chegando a aceitar a sua preferencia sexual. 

Embora se possa pensar que não há traços mais profundos na construção das figuras históricas que se delineiam no filme, percebe-se, uma sequencia inicial em que Alan sofre bulling na escola masculina onde estuda, sendo trancado em uma espécie de urna sob o chão e deixado pelos colegas. Apenas um deles que se tornará seu amigo pelo qual se apaixona tira-o daquela situação. Christopher será o amigo querido por quem Alan se alia, embora este tenha falecido em um período de férias e não retornando à escola. Esta sequencia se propõe a retratar o humor acido do inventor e suas crises histéricas contra os membros de sua equipe. Mas a linearidade da narrativa favorece a linha que o cinema industrial aprecia desde a época dos “tycoons” ou donos de grandes estúdios produtores. Mesmo assim é bom salientar que o filme está acima da média que se exibe nos cinemas comerciais. Não o vejo como favorito de Oscar, mas nesse ponto, surpresas fazem parte do jogo.(Luzia Álvares)

Postado por ACCPA às domingo, fevereiro 15, 2015

  
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)

Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões  Me Adicione no Facebook 

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