Recomendo a leitura da entrevista concedida à Folha de S. Paulo por
Luciana Genro, candidata do PSOL à presidência da República, substituindo
Randolfe Rodrigues.
A entrevista está no site dela: (aqui)
A crítica a seguir baseia-se nesta
versão, divulgada no blog da própria Luciana Genro. Desconheço se há uma versão
integral.
A entrevista tem passagens interessantes,
por exemplo sobre as drogas e sobre o aborto, onde Luciana defende o ponto de
vista "clássico" da esquerda e dos setores democráticos.
Também muito interessante é a seguinte
frase: Posso
dizer que me orgulho de ter sido expulsa do PT pelo José Dirceu, que hoje está
preso. Acontece
que Luciana não foi expulsa por Dirceu, foi expulsa pela ampla maioria do
Diretório Nacional do PT, que derrotou a esquerda que votou contra a expulsão.
É perfeitamente possível vincular a posição de Dirceu naquele episódio da
expulsão, com os procedimentos que levaram a crise de 2005. O problema está em
vincular o "orgulho de ter sido expulsa" com a frase "hoje está
preso", como se esta prisão fosse um ato de justiça, sob qualquer aspecto.
Clara concessão ao udenismo.
Igualmente interessante é sua resposta
acerca de Cuba: não
vejo Cuba como um país democrático. Criticar o socialismo cubano é um direito, mas criticar o
bloqueio é uma obrigação. Ademais, é reveladora a ênfase que ela dá à ausência
de "liberdade de organização partidária".
Publicado
em 24/06/2014
Na
íntegra - Em entrevista à Folha de S. Paulo, Luciana Genro apresenta pontos que
nortearão sua candidatura à presidência do Brasil pelo PSOL.
A pré-candidata reafirma a necessidade de uma candidatura que vocalize as demandas de junho e a indignação do povo brasileiro, defenda uma democracia real, onde os bancos e os milionários paguem mais impostos, e sua economia seja voltada para o conjunto do país e não para os interesses do capital financeiro, como tem sido hoje.
Defende também uma auditoria da dívida pública brasileira, na qual os bancos são os maiores credores e reafirmou o compromisso do PSOL com pautas como a legalização do aborto e das drogas.
A pré-candidata reafirma a necessidade de uma candidatura que vocalize as demandas de junho e a indignação do povo brasileiro, defenda uma democracia real, onde os bancos e os milionários paguem mais impostos, e sua economia seja voltada para o conjunto do país e não para os interesses do capital financeiro, como tem sido hoje.
Defende também uma auditoria da dívida pública brasileira, na qual os bancos são os maiores credores e reafirmou o compromisso do PSOL com pautas como a legalização do aborto e das drogas.
- GERDAU
Na questão da Copa Luciana Genro tenta
recuar da posição original do PSOL, mas sem fazer autocrítica de fundo. E sem
diferenciar a posição do PSOL da posição da oposição de direita e do oligopólio
da mídia: os
brasileiros todos estavam torcendo, receosos por causa das filas, dos atrasos,
mas a gente não apostava no quanto pior melhor. Diz também que a expectativa era tão ruim que ao ter
saído relativamente [bem] as pessoas se surpreenderam.
No caso das vaias no Itaquerão, por
exemplo, sua preocupação principal é criticar o PT (a "esquerda que traiu
os seus princípios"). Sobre os vaiantes é dito que teriam mais poder aquisitivo, mas seriam as mesmas que há dez anos foram para as
ruas comemorar a vitória do Lula, setores que estão sendo sacrificados nessa tributação
excessiva. Como
se vê, não é apenas na questão do mensalão que Luciana Genro mantém sintonia
fina com determinado discurso.
Registre-se as respostas
"politicamente corretas" (e portanto parciais, para dizer o mínimo)
quanto a polêmica envolvendo Safatle e Maringoni, bem como para a desistência
da Randolfe Rodrigues, casos reveladores acerca do PSOL realmente existente.
O fundamental da entrevista, óbvio, está
na análise das candidaturas de Dilma, de Aécio e de Campos. Para Luciana Genro,
as três teriam em comum a decisão política de manter este sistema político. Ou seja, ela simplesmente
desconsidera a defesa pública que Dilma faz da Constituinte, da reforma
política; assim como desconsidera o engajamento do PT no Plebiscito popular.
Luciana diz, também, que as três
candidaturas teriam em comum a decisão política de manter este sistema econômico e de, a partir de 2015, fazer um ajuste que significa cortes nas
áreas sociais, que significa alta da taxa de juros, aumento de tarifas
públicas, repressão aos movimentos sociais.
Mesmo alertada pela Folha de que o PT e
Dilma não falam deste ajuste (que é defendido claramente por Aécio e
disfarçadamente por Campos), Luciana Genro reiterou a acusação. Mas,
contraditoriamente, admitiu que com uma eventual vitória do PSDB haveria retrocesso com certeza, mais
privatizações, mais ataques.
O curioso é que, na hora de expor
positivamente seu programa, Luciana Genro diz que o PSOL defende uma democracia real e um modelo
econômico que faça com que os bancos paguem mais impostos, com que os
milionários paguem mais impostos, que desonere a classe média e a classe
trabalhadora e que volte a economia para os interesses do conjunto do país, e
não para os interesses para o capital financeiro, como tem sido hoje.
Atacar o capital financeiro é uma
necessidade e faz parte do beabá, não apenas da esquerda e dos setores
democráticos, mas também de alguns setores da direita: fazer a auditoria da dívida; suspender
pagamento preservando os interesses de pequenos poupadores; acabar com a
especulação, atacar os interesses dos bancos, que os bancos paguem mais
impostos, que os especuladores sejam banidos do país.
Também é importante defender que as grandes empresas paguem mais
impostos. Mas
falta responder como reorganizar o conjunto da economia, especialmente como
tratar o agronegócio, o grande capital monopolista e transnacional, a dinâmica
de investimentos privados e públicos.
A esse respeito, um sinal dos tempos:
perguntada se o PSOL
defende a reestatização de algum setor que foi entregue à iniciativa privada, Luciana Genro responde que isso vai demandar nós chegarmos ao
governo para avaliar a real situação (...) à medida da necessidade haveria sim
expropriações no sentido de garantir que o interesse público prevaleça (...) As
empresas de energia elétrica que foram privatizadas. Não sei como se
comportariam essas empresas em um governo do PSOL. Se for necessário, elas
terão que ser reestatizadas.
Pode ser que na íntegra da entrevista,
se existir, haja algo mais. Entretanto, tomando como base o que está transcrito
no blog da própria Luciana Genro, trata-se de um "clássico" programa
social-democrata (mais democracia, mais bem-estar, mais impostos, controle sobre
o setor financeiro, ampliar quando necessária a presença direta do Estado
etc.). Não admira que, ao chegar ao governo (como em Macapá) o PSOL se veja
diante de dilemas tão bem conhecidos por nós.
Esses camaradas são os maiores propagadores do comunismo no mundo (aqui)
Osvaldo Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre os 80 milhões Me Adicione no Facebook
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