A presidente Dilma Rousseff discursa em Nova York, nos Estados Unidos (Mike Segar/Reuters)
(Atualizado às 19h54)
Em Nova York, presidente cita Iraque, Líbia e Faixa de Gaza para defender que ofensivas não trazem resultado esperado
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que “lamenta enormemente” os ataques da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos contra os terroristas do Estado Islâmico na Síria. Em entrevista coletiva concedida em Nova York, depois da Cúpula do Clima da ONU, um jornalista fez a seguinte pergunta para a presidente: "Os EUA começaram os ataques aéreos na Síria, qual a posição do governo?" A resposta foi esta: “Eu lamento enormemente isso. O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, é o acordo e a intermediação da ONU. Eu não acho que nós podemos deixar de considerar uma questão – nos últimos tempos, todos os grandes conflitos que se armaram tiveram uma consequência: perda de vidas humanas dos dois lados. Agressões sem sustentação, aparentemente, podem dar ganhos imediatos, mas depois causam enormes prejuízos e turbulências. É o caso, por exemplo, do Iraque. Tá lá, provadinho, no caso do Iraque. Na Líbia, a consequência da Líbia no Sahel. Eu acredito a mesma coisa a Faixa de Gaza. Nós repudiamos sempre o morticínio e a agressão dos dois lados e não acreditamos que seja eficaz. Além disso, não acreditamos que seja eficaz. O Brasil é contra todas as agressões. Acha, inclusive, que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem de ter maior representatividade para impedir essa paralisia do Conselho diante do aumento dos conflitos em todas as regiões do mundo”, disse, segundo reprodução da entrevista divulgada pelo Palácio do Planalto.
Os EUA, que já realizam bombardeios contra o EI no Iraque, iniciaram na noite desta segunda-feira ataques aéreos contra o grupo em território sírio. A declaração de Dilma é mais um round nas abaladas relações com os Estados Unidos, e também atinge Israel, que foi alvo de críticas recentes do governo durante a ofensiva contra o Hamas em Gaza. Mas, em se tratando de bombardeios contra um dos grupos terroristas mais selvagens em atividade, resta pouco espaço para o diálogo defendido pela presidente.
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