"Por Stephen Downes"
Postagem com homenagem a Sócrates (Σωκράτης)
As falácias desta secção fogem ao assunto, discutindo a pessoa que avançou um argumento em vez de discutir razões para aceitar ou não aceitar a conclusão. Em algumas ocasiões é aceitável citar autoridades, (por exemplo, citar o médico para justificar o uso de um medicamento) quase nunca é apropriado discutir a pessoa em vez dos seus argumentos.
Ataques pessoais (argumentum ad hominem)
Platão, discípulo de Sócrates e um dos mais influentes filósofos até os dias de hoje. É através de seus diálogos que se pode saber sobre a vida de Sócrates.
Ataca-se pessoa que apresentou um argumento e não o argumento que apresentou. A faláciaad hominem assume muitas formas. Ataca, por exemplo, o carácter, a nacionalidade, a raça ou a religião da pessoa. Em outros casos, a falácia sugere que a pessoa, por ter algo tem algo a ganhar com o argumento, é movida pelo interesse. A pessoa pode ainda ser atacada por associação ou pelas suas companhias.
Há três formas maiores da falácia ad hominem:
- Ad hominem (abusivo): em vez de atacar uma afirmação, o argumento ataca pessoa que a proferiu.
- Ad hominem (circunstancial): em vez de atacar uma afirmação, o autor aponta para as circunstâncias em que a pessoa que a fez e as suas circunstâncias.
- Tu quoque: esta forma de ataque à pessoa consiste em fazer notar que a pessoa não pratica o que diz.
Exemplos:
- Podes dizer que Deus não existe mas estás apenas a seguir a moda (ad hominem abusivo).
- É natural que o ministro diga que essa política fiscal é boa porque ele não será atingido por ela (ad hominem circunstancial).
- Podemos passar por alto as afirmações de Simplício porque ele é patrocinado pela indústria da madeira (ad hominem circunstancial).
- Dizes que eu não devo beber, mas não estás sóbrio faz mais de um ano (tu quoque).
Prova: Identifique o ataque e mostre que o carácter ou as circunstâncias da pessoa nada tem a ver com a verdade ou falsidade da proposição defendida.
Referências: Barker: 166; Cedarblom e Paulsen: 155; Copi e Cohen: 97; Davis: 80.
Apelo à autoridade (argumentum ad verecundiam)
Anaxagoras, um dos professores de Sócrates
Ainda que às vezes seja apropriado citar uma autoridade para suportar uma opinião, a maioria das vezes não o é. O apelo à autoridade é especialmente impróprio se:
- A pessoa não está qualificada para ter uma opinião de perito no assunto.
- Não há acordo entre os peritos do campo em questão.
- A autoridade não pode, por algum motivo ser levada a sério — porque estava brincar, estava ébria ou por qualquer outro motivo.
Uma variante da falácia do apelo à autoridade é o "ouvi dizer" ou "diz-se que". Um argumento por "ouvir dizer" é um argumento que depende de fontes em segunda ou terceira mão.
Exemplos:
- O famoso psicólogo Dr. Frasier Crane recomenda-lhe que compre o último modelo de carro da Skoda.
- O economista John Kenneth Galbraith defende que uma apertada política económica é a melhor cura para a recessão. (Apesar de Galbraith ser um perito, nem todos os economistas estão de acordo nesta questão.)
- Encaminhamo-nos para uma guerra nuclear. A semana passada Ronald Reagan disse que começaríamos a bombardear a Rússia em menos de cinco minutos. (Claro que o disse por piada ao testar o microfone.)
- Sousa disse que nunca perdoaria ao Pinto. (Trata-se de um caso de "ouvir dizer" — de facto ele apenas disse que Pinto nada tinha feito para ser perdoado.)
Prova: Mostre uma de duas coisas (ou ambas):
- A pessoa citada não é uma autoridade no campo em questão;
- Entre os especialistas não há consenso sobre o assunto discutido.
Referências: Cedarblom and Paulsen: 155; Copi e Cohen: 95; Davis: 69.
Autoridade anônima
Ilustração do Emblem book, retratando Xântipe a esposa de Sócrates esvaziando um pote sobre Sócrates, do Emblemata Horatiana ilustrado por Otho Vaenius, 1607.
A autoridade em questão não é nomeada. Isto é uma forma de apelo à autoridade porque quando a autoridade não é nomeada é impossível confirmar se se trata de um perito. Esta falácia é tão comum que merece uma menção especial. Uma variante desta falácia é o apelo ao rumor. Como a fonte do rumor é, em regra, desconhecida, não é possível verificar se o rumor merece crédito. Rumores falsos e caluniosos são lançados muitas vezes intencionalmente com o objectivo de desacreditar o oponente.
Exemplos:
- Um membro do governo disse que uma nova lei sobre posse e uso de armas será proposta amanhã.
- Os peritos dizem que a melhor maneira de prevenir uma guerra nuclear é estar preparado para ela.
- Sabe-se que milhares de operações desnecessárias são realizadas todos os anos.
- Diz-se que o primeiro-ministro vai decretar outro feriado antes das eleições.
Prova: Argumente que pelo facto de não conhecermos a fonte e a base da informação, não temos maneira de avaliar a fiabilidade da informação.
Referências: Davis: 73.
Estilo sem substância
"A Morte de Sócrates", por Jacques-Louis David (1787)
Pretende-se que o modo como o argumento ou o argumentador se apresentam contribui para a verdade da conclusão.
Exemplos:
- Nixon perdeu o debate presidencial porque tinha suor na testa.
- Trudeau sabe dirigir as massas. Ele deve ter razão.
- Por que não aceitas o conselho daquele jovem elegante e bem parecido?
Prova: É um facto que o modo como o argumento é apresentado, influencia a crença das pessoas na verdade da conclusão. Mas a verdade da conclusão não depende do modo como o argumento é apresentado. Para mostrar que esta falácia está a ser cometida, mostre que, neste caso, o estilo não afecta a verdade ou a falsidade da conclusão.
Referências: Davis: 61.
Um Argumentum ad hominem (latim, argumento contra a pessoa) é uma falácia identificada quando alguém procura negar uma proposição com uma crítica ao seu autor e não ao seu conteúdo.
Um argumentum ad hominem é uma forte arma retórica, apesar de não possuir bases lógicas.
A falácia ocorre pois conclui sobre o valor da proposição sem examinar seu conteúdo, o que é absurdo.
O argumento contra a pessoa é uma das falácias caracterizadas pelo elemento da irrelevância, por concluir sobre o valor de uma proposição através da introdução, dentro do contexto da discussão, de um elemento que não tem relevância para isso, que neste caso é um juízo sobre o autor da proposição.
Pode ser agrupado também entre as falácias que usam o estratagema do desvio de atenção, ao levar o foco da discussão para um elemento externo a ela, que são as considerações pessoais sobre o autor da proposição.
Osvaldo
Aires Bade Comentários Bem Roubados na "Socialização" - Estou entre
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Aparentemente foi John Locke no seu 'Ensaio sobre o entendimento humano'; há alguma literatura sobre o tema, mas não lembro onde li a respeito (embora seja segura a tese sobre Locke). De qualquer modo, Aristóteles já listava esse argumento nos Tópicos.
PS: Encontrei. Comece com a monografia de C. L. Hamblin, 'Fallacies', London, 1970. Ali há uma discussão histórica.
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