sexta-feira, 5 de outubro de 2012

REYNALDO-BH: ‘O SENADO INSISTE EM IMPOR LIMITES À LIBERDADE DE EXPRESSÃO’

REYNALDO-BH: ‘O SENADO INSISTE EM IMPOR LIMITES À LIBERDADE DE EXPRESSÃO’
REYNALDO ROCHA 10/08/2012 às 15:39 \ Feira Livre




O que leva a classe política a tentar, sistematicamente, impor limites à imprensa ou à liberdade de expressão? Seria o incômodo causado pelos jornalistas que honram esta titulação? Certamente. Mas  quando falo em titulação não me refiro ao diploma expedido por alguma faculdade que não consegue ensinar a língua pátria, muito menos o ofício de informar, analisar e até investigar.
Na quarta-feira, o Senado aprovou a obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercício da profissão, numa votação que só não alcançou a unanimidade graças à exceção encarnada por Aloysio Nunes Ferreira. Em breve, é possível que escritores tenham de provar que são formados em Letras. E logo se exigirá de um talento como Neymar que se forme em Educação Física.
A proximidade de um jornalista com um escritor é infinitamente maior que com um cabeleireiro. (Cito a profissão por ter sido regulamentada neste ano ─ sem a exigência de um diploma…).
Não se trata de julgar dispensável o ensino oferecido por faculdades sérias. Trata-se de fazer uma opção. Quem achar necessário adquirir conhecimentos específicos em alguma universidade deve sentir-se à vontade para fazê-lo, e talvez dispute vagas no mercado de trabalho em posição vantajosa. O que não faz sentido é impedir, por exemplo, que um médico sem diploma de jornalista como Draúzio Varela (alguém no Brasil escreve sobre saúde melhor do que ele?) ocupe espaços na imprensa para tratar de assuntos que conhece muito mais do que gente que nunca viu um estetoscópio.
Idem para psicólogos, economistas, engenheiros, especialistas em aviação, diretores de cinema e TV, músicos e atores.


O que está em curso é mais uma tentativa de cercear a liberdade de expressão.
A imprensa não é Geni. Não pode ser ameaçada pelo controle social da mídia, ou pela regulamentação exigida por quem jamais entrou numa redação de verdade.
Franklins de laboratório foram substituídos pelo Senado?
Aqueles são movidos pela obsessão de controlar opiniões contrárias e instituir o pensamento único, sempre mais confortável: quando é único, pensamento não requer esforço algum. É como vaca em curral. Os senadores parecem animados com a chance da intimidação. Querem mostrar que têm poderes para legislar sobre a liberdade de imprensa. E feri-la.
Não sou jornalista. Não tenho talento para isso e nunca assumo funções para as quais não estou suficientemente preparado. É por isso que também não sou médico ou engenheiro.
Sou, essencialmente, um leitor. E dos bons! Leio o que quero, quando quero, escolho autores livremente. Simples assim.
Leio até bula de remédio! (Dúvida: será preciso contratar um jornalista formado para redigi-las?).
E quero exercer o direito de ler especialistas, formados em outras áreas, que possam contribuir para a acumulação de conhecimentos, aperfeiçoamento cultural e crescimento pessoal.
Sugiro aos senadores que regulamentem a própria atividade. Que tal exigir dos postulantes a cargos públicos ao menos o curso primário completo? Seria mais proveitoso. Jornalistas não formados sabem escrever. Senadores eleitos – alguns – não sabem sequer se expressar. O Brasil agradeceria.
Melhor não. Até presidentes seriam reprovados.
Quem paga Jornalistas (com J maiúsculo!) não formados nas faculdades que crescem mais que erva daninha são empresas editoriais.
Pouco importa que uma federação de jornalistas (que defende a censura prévia à imprensa!) esteja apoiando a iniciativa. Talvez desejem recrutar nas universidades os tais “blogueiros progressistas” . Ou os dóceis e bem pagos chapas-brancas que se identificam indevidamente como jornalistas. Além de não saberem escrever, consolidaram o jornalismo a favor. Uma invenção que faz um Millôr (não formado) e Francis (idem) se revirarem nos túmulos.
Quem paga políticos (senadores inclusive) sem nenhuma formação que sirva para alguma coisa, somos nós, contribuintes.
Senhores senadores: tirem as patas de um assunto que não precisa nem pode ser regulamentado por quem desconhece o terreno em que se mete. Sejam, ao menos, leitores!
Já seria um avanço extraordinário.

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