domingo, 20 de maio de 2012


15/05/2012
 às 16:13 \ Vasto Mundo
gina1 (Foto: Patrick Hamilton / The Monthly)
Hoje em 29º lugar na lista de bilionários da revista "Forbes", Gina Rinehart pode ultrapassar os top praticamente quando quiser (Foto: Patrick Hamilton / The Monthly)
(Perfil publicado na revista Lola, da Editora Abril. Texto de Gilles Lapouge, de Paris)
A CAIPIRA DE US$ 100 BILHÕES
É o ferro
Dona de uma imensa reserva de minério de ferro, a insaciável australiana Gina Rinehart só precisa vender uma colina, uma rocha ou um buraco para superar os homens mais ricos do mundo.
Sua vida é um romance com emboscadas, ciúmes, crueldades, sentimentalismos e guerras – tudo entre família
Na lista dos mais ricos do mundo da revista Forbes, a americana Christy Walton, dos supermercados Wal-Mart, aparece como a mulher mais abonada, com 25 bilhões de dólares. Mas das profundezas da Austrália surge Georgina – Gina – Rinehart, com poder para ultrapassar a americana.
Herdeira de um império minerador, ela dobrou sua fortuna pessoal em fevereiro, chegando a 18 bilhões de dólares, ao conceder à gigante mineradora coreana Posco cotas de participação em algumas de suas minas de ferro. O valor é inferior ainda à de Christy — com a diferença fundamental de que a americana divide a bolada com a família. Gina, porém, além de ser dona sozinha de seu tesouro, tem “pepitas” em seus porões: as montanhas de ferro no Pilbara, no noroeste da Austrália.
Ela só precisa vender uma colina, uma rocha, um buraco, e sua fortuna vai para 100 bilhões de dólares, deixando para trás, grogues e envergonhados, todos os outros bilionários, inclusive os dois primeiros, o mexicano Carlos Slim e o americano Bill Gates.
Gina Rinehart tem outros encantos. Sua vida é um romance, com emboscadas, ciúmes, crueldades, sentimentalismos e guerras. Lá, nas resplandescentes terras australianas, acontece há meio século uma história “cheia de som e fúria”, com acusações de assassinato, paixões loucas, processo de filhos contra a mãe… Humanos se matam diante de nossos olhos, se sangram, mais ricos e mais ferozes do que os da série americana Dallas.
Como toda epopeia, a de Gina nasce de uma cena original. Foi seu pai, Lang Hancock, quem a protagonizou. Ele nasceu em 1909, de boa família, em Perth, na Austrália do Oeste. O pequeno Lang caminha pelobush (vegetação símbolo da Austrália), luta contra os dingos, essas feras australianas com cabeça de cachorro, se apaixona pela terra, pelas rochas e pelo subsolo.
E então acontece o milagre.
Quando?
Em 16 de novembro de 1952. Naquele dia, Lang e sua mulher, Hope, sobrevoam as montanhas do Pilbara, geologicamente as mais velhas do mundo, com 3 bilhões de anos. O mau tempo os obriga a voar em baixa altitude, pelas gargantas do Rio Turner. Lang olha as montanhas de granito. Chove, as rochas parecem enferrujadas.
E então ele entende: esta terra é de ferro! Lang deu de cara com uma reserva de ferro que bastaria para o mundo todo. Dez anos de argumentações e trapaças jurídicas depois, ele pôde reivindicar seus direitos. Dá a seus tesouros o nome de sua mulher, Hope Down. Conclui um acordo com a gigante mineradora Rio Tinto, e então tudo começa.

Gina Rinehart with Lang Hancock in Sydney, June 1982. © Fairfax Syndication
Gina Rinehart com o pai, Lang Hancock, em Sidney, em 1982 (Foto: Fairfax Syndication)
O pai se casa com uma mulher 39 anos mais jovem, e começa a correr como um coelho australiano
Lang Hancock tem uma filha, Gina, nascida em 1954. Ele a adora.
Em 1983, sua mulher, Hope, morre.
Dois anos depois, ele se casa com Rose Porteous, sua empregada, filha de um general filipino. Gina é ciumenta. Mas Lang está “nas nuvens”, ele se realiza.
A filipina, com 39 anos a menos do que ele, lhe faz bem. Ele rejuvenesce. Seus cabelos voltam a crescer. Lang joga para o alto sua bengala e corre como um coelho australiano.
Ele constrói um ninho de amor, uma propriedade colossal, cheia de mármore e mau gosto, que chama de Tara, como o de Scarlett O’Hara em… E o Vento Levou. As noites de Tara são de festas. Mais tarde, será montado um musical sobre os amores de Rose e Lang. Ali o ridículo impera. Mas Rose Porteous tem um inconveniente. Ela não é idiota. Quando acusada, retruca: “Acham que eu durmo com toda a Austrália, mas como teria tempo para fazê-lo? Há homens demais”.
A filha de Lang Hancock não se conforma. Seu pai lhe diz: “Você era uma garota cândida, conveniente, gentil e sedutora, não esta megera vingativa e este pequeno elefante astuto de agora”. Quando ele morre, em 1992, Gina vai à Justiça acusando a madrasta (três meses depois do funeral, já casada novamente) de ter levado o pai à morte.
O processo se estende até 2003, e termina isentando Rose de culpa.
Queria fazer portos usando bombas atômicas
Durante esse processo, Gina não descansa. Primeira virtude: a energia. Quando ainda era “uma jovem de 20 anos”, ela propusera lançar bombas atômicas na costa do Pilbara, aqui e ali, para poder instalar portos. Disseram-lhe que a bomba nuclear era perigosa e, além do mais, proibida.
Depois da morte do pai, quando ela se tornou a patroa, mostra a mesma energia. Seu pai, Lang, tinha sido o feiticeiro, mas um medíocre administrador. Quando morreu, ele possuía apenas 125 milhões de dólares. Praticamente nada! Uma miséria. O meio será o trem. Ela abre estradas de ferro, e a cada dia cinco trens de 232 vagões transportam o minério de ferro. Não há pressa. As reservas do Pilbara são de 2,4 bilhões de toneladas.
Gina tem mais em sua caixa de ferramentas: uma avidez sem limite, uma frieza de peixe, uma dureza de minério de ferro. Tem a quem puxar: o pai, o encantador Lang Hancock, era um feroz. Os aborígenes o irritavam. Ele tinha encontrado uma solução: dar-lhes cheques de ajuda social e uma água especial para torná-los estéreis. A filha é do mesmo metal.
Escreveu “o pior poema do mundo”
É um inseto. Nunca está satisfeita. É uma glutona, precisa se entupir de dólares, de ouro, de terra, de ferro, de carvão. Ela fustiga os “imbecis” do governo que atrapalham os empresários, corroem seus lucros, proíbem que poluam, estabelecem regulamentos sociais. A menina cujo pai considerava “cândida” aos 20 anos vai para a linha de frente lutar com a cara descoberta, o que é corajoso, pois agora, com 58 anos, é uma senhora gorda com um rosto gordo, uma bunda gorda, traços gordos, um sorriso magro e cabelos que caem como uma chuva.
Veste-se e se comporta como a caipira que sempre foi, e tem orgulho disso.
Ela encabeça o lobby dos industriais. Quer mais polícia, um saneamento das finanças públicas e impostos baixos, bem baixos. Ela sai pelas ruas das grandes cidades gritando o refrão: “Ax the tax [cortem os impostos]“. No ano passado, Gina revela outra faceta de seus talentos. Ela escreve um poema que manda gravar sobre uma rocha de 30 toneladas de ferro (“o pior poema do mundo”, segundo a crítica literária australiana).
“E o empreendimento e os investimentos que dão valor aos projetos
É o nosso futuro ameaçado por dívidas de políticos truqueiros?
Que depois saem dos buracos apoiados em desenfreados impostos?
No fim, vão-se o dinheiro, o crescimento e os empregos australianos para outros continentes”
(Camões, Novalis, Pessoa e Rimbaud, socorro!)
“A mulher mais poluidora do mundo”
O poema não é apenas grotesco. É uma máquina de guerra. Gina lança mão de suas economias para lançar campanhas contra os políticos trabalhistas australianos. Ela se torna em 2011 a primeira acionista do jornal Fairfax Media. Detém 13,5 das ações do grupo, que possui os jornais The Age e The Sydney Morning Herald.
Trata-se de transformar essas páginas nos alto-falantes mundias dos “céticos do clima”, esses grupos que negam o aquecimento global do planeta para poder sujar o céu em paz. Ao título de “a mulher mais rica do mundo”, Gina acrescenta um outro, que os australianos ridicularizam: “A mulher mais poluidora do mundo”.
Vida trepidante, heroica e desprezível, Gina tem uma família, quatro filhos de diferentes maridos. Três mulheres e um homem – Hope, Bianca, John e Ginia. No início, as “crianças” têm belos brinquedos; quando crescem, as coisas desandam. É preciso invocar a psicanálise, complexos de Édipo ou de Electra?
Ela se mete em nova guerra — agora, contra os filhos
Ou então imaginar que, nesses seres em cujas veias não corre sangue mas ouro, o tempo reservado para a ternura é insuficiente? Eis uma nova guerra. Contra seus próprios filhos.
Gina e sua filha Bianca, em Hope Downs (Foto: Frances Andrijich / Headpress)
Gina e sua filha Bianca, em Hope Downs (Foto: Frances Andrijich / Headpress)
A mais nova, Ginia, mora com a mãe e, assim como com os três irmãos mais velhos, as coisas não andam nada bem e se descortina uma nova tragédia, uma tragédia de Shakespeare, um Rei Lear, mas menos inteligente e mais sórdido.
No início de 2012, as irmãs Hope e Bianca apresentam diante da Corte Suprema as mesmas reclamações: elas explicam que a fortuna infinita de sua mãe constitui um perigo para elas. Pois correm o risco de serem assaltadas, sequestradas ou assassinadas: “Nós somos”, diz Hope, “a família australiana mais exposta a um ataque”.
Ora, essas duas infelizes crianças não têm meios. Elas querem que a mãe lhes pague um guarda-costas. E, já que é assim, uma empregada e um cozinheiro. “Eu não tenho os meios”, diz Hope, “de organizar a casa. Tenho apenas 60 mil dólares [por mês]!”
E o irmão? John Lang Hancock, único herdeiro macho da dinastia, o belo John, que durante a guerra contra Rose Porteous era o porta-voz de Gina. Ele muda de lado e torna públicos os mesmos temores de suas duas irmãs, os mesmos medos, os mesmos pedidos de dinheiro. Sua carta é cruel: “O que eu posso fazer a não ser comunicar aos eventuais sequestradores que, mesmo por cima de meu cadáver, eles vão perder tempo. Se acham que vão obter qualquer coisa de minha mãe, boa sorte!”.
Abraço e Sucesso a Todos

Olimpia Pinheiro 
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